(13 de julho de 2013) Ainda me lembro de tudo o que eu quero esquecer

Em 2013 eu li "O Lado bom da Vida" e devo confessar que fez muito sentido pra mim.



Depois do meu primeiro namoro, aquele com o cara com quem eu fiz planos de casar, fiz uma casinha no The Sims e mostrei pra ele (estudante de engenharia civil) pra falar como eu queria que fosse a nossa casa e todas essas babaquices que só gente que se apaixona e acha que vai se casar antes dos 20 anos faz, eu me tornei meio cínica e cética com relação aos romances em geral.
Esse "No fundo eu sou otimista, mas eu sempre imagino o pior" é basicamente sobre essa minha postura de saber que as coisas acabam e torcer pra que elas acabem do jeito menos merdoso possível.

#meujeitinho

Daí que isso foi em 2010 e em 2011 teve o Pirituba, que foi um "meio namoro" - já que rolava uma fidelidade, mas não o rótulo de namoro (eu fui do ponto de acreditar em casamento antes dos 20 anos ao ponto de acreditar que todo mundo ia morrer sozinho mesmo, foda-se, vamos zoar essa birosca toda em pouquíssimo tempo, foi uma loucura) e ele nunca foi apresentado aos meus pais como meu namorado. Acabou, é claro, porque tudo o que é feito pela metade e nas coxas não pode ter um resultado bom. Depois teve o 9inho (e não lembro, sinceramente, se já falei dele aqui), que me fez entrar ainda mais nesse lance de "foda-se, vamos zoar essa birosca toda" e depois 2012, o ano das mudanças e das viradas (e meu mini período de isolamento).

Ai que em 2013, já na nova graduação, já marromeno estabilizada e apenas levemente abalada por causa de uma confusão de sentimentos (uma paixonite por um amigo que ficou mal resolvida e outras coisas que eu não contei aqui no blog porque sim), me surgiu a FOSSA NÚMERO 2

Esse moço, gente... Esse moço eu poderia falar TANTO sobre ele, TANTO sobre a história TANTO sobre o quanto ele me fez ficar descontrolada em tantos aspectos numa fase em que eu tava só o título de um capítulo do "O Lado bom da Vida" - mas não vou perder tempo contanto essa história que eu ainda não posso contar inteira.

Basta vocês saberem que o fato dele ter a risada mais agradável do mundo, o beijo mais gostoso da região de São Carlos e ser lindo feito uma versão baixo orçamento do Bradley Cooper me balançou de um jeito que eu voltei a ter certa esperança em relacionamentos.

Meu Deus, como era bonito o filho dum cu. Isso é revoltante.


Eu tava errada, né? Se eu tivesse prestado atenção no Belchior (ou na irmã do Pirituba, minha amiga psicóloga) teria sacado na época que o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual... Mas eu foquei mais na parte de deixar a profundidade de lado e querer ficar colada à pele dele noite e dia, fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão e tomei bonitinho no cu quando as coisas deram errado.

Paciência. O ponto dessa história foi o dia em que eu FINALMENTE saquei que tinha tomado no cu. De novo. Mais uma vez.

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10 de julho de 2013 caiu numa quarta.
Eu estava há uma semana sem receber notícias nem do meu (até então) pseudo-namorado e da minha (até então) melhor amiga. Nenhum dos dois, morando em São Carlos, falava comigo ou respondia as minhas mensagens e eu não fazia a mais puta ideia do porquê. Eu tinha tentado, em vários momentos durante esses dias, mandar mensagens, recebia a confirmação de leitura e nenhuma resposta. Eu tava bem puta da vida. BEM PUTA, mas jamais tinha passado pela minha cabeça que a razão porque eu estava sendo ignorada pelos dois era o motivo que foi (talvez vocês tenham suas teorias e talvez elas estejam certas). Até 10 de julho de 2013.

Eu tava na USP, num dia que tinha tudo pra ser comum, quando ouvi duas meninas na fila do bandejão comentando sobre o fato de que uma delas tinha sofrido o famoso ghosting. E cara, aquilo foi tipo um TESTE CAPRICHO da vida real pra mim. A mina ia contando a história e eu, atrás dela, só ia marcando X nas coisas que estavam acontecendo comigo. 

Eu gabaritei a porra do teste e finalmente a ficha caiu e nem o famoso strogonoff de pombo do bandejão me animou. Eu larguei a fila, peguei o primeiro ônibus que passou (e fui parar bem longe de casa, porque não era o meu ônibus, daí tive que ir até o metrô, o trem e depois pegar outro ônibus, puta volta, puta que pariu) e, depois de ter vivido quase todas as fases do luto dentro do transporte coletivo de São Paulo, mandei uma mensagem pra Carregada (minha outra melhor amiga, a de São Paulo) perguntando se a gente podia se ver depois do trabalho. Ela topou, é claro. Amiga maravilhosa.

Daí passei no mercado, comprei uns doces e fui lá pra casa dela, disposta a falar mal do Bradley Cooper fajuto até a raiva passar. Cheguei na casa dela, trocamos meia duzia de amenidades, falamos algumas baboseiras e eu comecei a contar sobre as meninas do bandeijão. E minha amiga (grande amiga, amiga maravihosa) foi fazendo o que as amigas fazem e lembrando de coisinhas que eu tinha contado, coisinhas que ajudavam a comprovar a teoria.

E aí foi que o barraco desabou.

Eu comecei a chorar. Chorar muito. Chorar de boca aberta. Chorar de um jeito que eu não tinha chorado (em público) desde o funeral do meu avô (incluindo aí ohos secos no funeral da avó, no fim do namoro, quando o Palmeiras foi rebaixado - duas vezes - e outras situações que poderiam finalmente descambar em choro de boca aberta na frente de conhecidos) e, por isso mesmo, um choro que eu tava guardando desde 1998.

Foi lindo.

Menos pra Carregada que ficou sinceramente assustada comigo totalmente descontrolada sentada na cama dela e chorando - coisa que ela nunca tinha me visto fazer, nem por coisas muito mais sérias. Carregada também tem essa coisa de não saber demonstrar muito bem as emoções (e por isso que a gente se dá bem), então era uma destemperada chorando e uma em modo tela azul sem saber o que fazer. Eu só parei de chorar quando prestei atenção na cara dela e percebi que ela não sabia MESMO o que fazer comigo ali - e parei de chorar pra rir histericamente, o que também não foi muito legal.


Quando eu finalmente consegui me acalmar, uns 10 minutos depois (ou 1h, vocês nunca saberão), a gente comeu uns docinhos e eu fui embora pra minha casa, bem mais tranquila, porém ainda bem cabreira com a situação toda.


13 de julho de 2013 caiu num sábado.
Eu tinha voltado ao meu estado natural de "gracinhas e piadinhas sobre minhas desgraças" e publiquei alguma coisa no Facebook fazendo gracinha com um amigo aleatório do twitter que tinha caído naquelas páginas "Melhores tweets no facebook" ou equivalentes. E a amiga que estava sumida postou uma coisa SUPER mal educada nos comentários, dando uma indireta que eu entendi que era sobre o meu "relacionamento" com o Bradley com restrições orçamentárias. E o filho da mãe CURTIU o comentário.

E foi ali, somente ali, por causa de uma curtidinha passivo-agressiva num comentário totalmente agressivo e em público, que eu saquei que não tinha volta. Nem o namoro, nem a amizade, nem possivelmente a minha confiança em homens, mulheres e seres sencientes. Em 13 de julho eu não chorei - eu gastei todo o drama, mas saquei que as coisas seriam diferentes - e iam precisar mudar MUITO pra ficarem de um jeito satisfatório.

Olhando em retrospecto eu hoje sei que aquele comentário rude foi o começo de uma mudança (pra melhor, eu creio) que cresceu em forma e deu resultados principalmente quando eu fui pra terapia. E foi ali, entre 10 e 13 de julho de 2013, que eu reconheci DE VERDADE os meus amigos. Não era amiga a moça que só me procurava pra falar de coisas erradas que tinha feito porque "eu não ia julgar". Não era amigo o cara que era lindo feito o Bradley Cooper, me beijava de um jeito que me deixava sem conseguir raciocinar por alguns minutos, mas não era capaz de ceder em NADA pra ficar comigo. Mas era amiga a moça que me recebeu em casa no meio da semana, depois do trabalho, me ouviu reclamar e me viu chorar de boca aberta, tentando me acalmar e botar pra fora tudo o que eu tava sentindo, mesmo sendo possivelmente uma situação muito estranha pra ela. Era amigo o cara que, naquele final de semana, pegou a mim e a essa amiga, e nos levou pra fazer um rolê cilada qualquer só pra eu não ficar em casa me roendo de raiva. Era amigo o moço que, mesmo estando há quase 1000 km distante de mim, tentou de todos os jeitos saber como eu estava e se eu precisava de alguma coisa, e me ouviu falar sobre o quanto eu estava destroçada sem fazer nenhuma piadinha sobre isso. Foi amiga a moça terapeuta que, mesmo tendo me avisado um milhão de vezes o potencial de cilada dessa relação, não disse "eu falei, né?" nenhuma vez e se preocupou genuinamente com o meu bem estar mental.

Eu perdi uma "melhor amiga" e um "namorado", possivelmente perdi um pouco a dignidade por ter sido ranhenta e chorona na frente de uma amiga, com certeza perdi um pouco da minha fé na humanidade... Mas eu só continuei de pé, só não me mandei pra uma caverna, só não meti o pé e rompi todos os laços de vez porque eu tive ao meu lado essas pessoas maravilhosas que eu até hoje chamo de amigos e que me fizeram superar o golpe tão tenso que o 13 de julho de 2013 me deu.


Eu guardo pouca mágoa dessa história, sendo TOTALMENTE sincera e espero que os dois envolvidos estejam muito felizes onde quer que estejam. Espero mesmo. De verdade. Porque eu tô.
Ao mesmo tempo em que eles me causaram uma dor terrível me mostraram quem são as pessoas que estão comigo pra segurar o rojão. E hoje eu já até choro na frente dos outros se eu achar necessário, ó que evolução!

Mas muito bonito mesmo o babaca. Puta merda.




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UPDATE: Gente, foi 2013. Essa merda de postar sem revisar ainda vai me causar inconvenientes. Hahahaha

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