Once upon a time I was falling in love... But now I'm only falling apart

Você entrou na minha vida porque minha melhor amiga me disse que eu estava perdendo tempo com os caras babacas com quem eu estava saindo e que conhecia um cara com quem eu ia gostar de sair, porque era um cara maravilhoso e que tinha uma queda por mim desde antes de eu terminar o meu primeiro namoro - e que ela só não tinha me falado de você antes justamente por causa do namoro.
Quando meu namoro acabou você estava namorando e nosso "encontro" demorou mais um ano pra acontecer.

Você entrou na minha vida num sábado de Sol meio preguiçoso, na Estação Vergueiro do Metrô de São Paulo. Eu sempre chego antes pra me recompor da ~viagem~ de metrô e você chegou ainda antes porque não conseguiu esperar até dar a hora de me conhecer. Foi isso o que você me disse e é nisso que eu gosto de acreditar. Eu lembro que eu perdi o fôlego quando te vi ao vivo, porque NENHUMA FOTO fazia jus ao quão bonito você era - e eu lembro que foi a primeira vez que eu fiquei feliz por ter ficado ansiosa no metrô, porque você achou que eu tava nervosa por causa da minha claustrofobia e não por sua causa.

Você entrou na minha vida e perguntou o que eu estava sentindo, numa época em que eu estava sentindo TANTA COISA e não tinha falado delas pra quase ninguém. Você perguntou e ouviu o que eu tinha pra dizer e me disse "Menina, vai ficar tudo bem, eu tenho certeza disso" e eu tinha CERTEZA que nada ia ficar bem, principalmente com você me chamando de menina e sendo tão bonito daquele jeito. Meu Deus, como você estava bonito aquele dia. Já se passaram mais de três anos e eu ainda fico meio apavorada com o quanto eu te achei bonito aquele dia (e todos os outros).

Você entrou na minha vida e, depois da gente conversar por algumas horas, me roubou um beijo e eu me senti como se eu fosse preciosa, como se eu fosse a pessoa mais importante no mundo naquele momento e tudo o que eu merecia era ser tratada com carinho. Você me beijou e riu porque eu fiquei sem palavras, aquela risada meio baixinha, meio sarcástica e totalmente sem vergonha que eu aprendi a gostar desde a primeira vez que eu ouvi.

Você entrou na minha vida e me fez tão bem logo de cara que eu senti demais você aparecer tão pouco e tão poucas vezes nela. Eu não achava justo você ser tão maravilhoso, ser tão MEU (e fazer com que eu me sentisse tão SUA, mesmo eu não querendo admitir isso) e ser TÃO POUCO. Eu cobrei sua presença e sua atenção porque você sempre fazia com que eu me sentisse maravilhosa na sua presença. Talvez você visse em mim coisas que eu precisava que alguém visse pra me mostrar que eu tinha e talvez por isso eu quis você como há muito tempo eu não queria ninguém.

Você saiu da minha vida e até hoje eu não entendi direito o porquê. Existem muitas teorias, existem poucos fatos e não existe nenhuma certeza. Você saiu da minha vida de repente, depois de uma breve aparição, e foi como se tivessem tirado uma parte de mim que eu não usava muito, tipo a vesícula, mas que passou a fazer certa diferença depois que foi embora. No começo é estranho, mas a gente acostuma. Eu te chamava de "namorado vesícula" pra minha terapeuta (porque, saiba você ou não, você foi muito assunto na minha terapia) e ela entendeu completamente o que eu quis dizer quando disse isso - do mesmo jeito que eu acho que você, que sempre quis ser médico, embora tivesse acabado indo pra engenharia, teria entendido. Depois que eu explicasse detalhadamente, porque você nunca entendia as minhas piadas. Nunca. E, de nós dois, era você tinha as piores piadas - eu nunca vou esquecer que você não tinha olfato e vivia me chamando de "cheirosa", numa espécie de piada bizarra que só você ria, porque eu era (e sou) muito cheirosa! (eu ria também, mas eu ria mais porque você realmente se divertia contando aquela piada ruim... Meu Deus, como você era ruim de piada! hahahaha)

Você saiu da minha vida e eu fechei o tumblr que eu fiz só pra você ler as coisas que eu escrevia. Porque você gostava de ler tudo o que eu escrevia - e eu gostava que você lesse, apesar de não gostar de ninguém lendo o que eu escrevo até hoje. Você tinha essa memória incrível (era fotográfica) e sempre me surpreendia dizendo ipsis litteris alguma coisa que eu tinha escrito. Principalmente sobre você, porque eu amava escrever sobre você. Você leus os meus diários - e talvez você não saiba o quão importante e significativo e aterrorizante foi, pra mim, ter deixado você ler os meus diários. Você NUNCA vai saber o quão importante, significativo e aterrorizante foi ter deixado você ler os meus diários, nem o quanto meu coração se encheu de alegria e amor por você quando eu li a mensagem que você deixou na última página. Você nunca vai saber.

Você saiu da minha vida e eu desabei do jeito que eu não tinha desabado nem quando o primeiro namoro acabou - e você nem chegou a ser OFICIALMENTE meu namorado, embora a sua vizinha (pentelha e que tinha uma quedinha por você) tenha me chamado disso quando eu fui até a sua casa. Eu chorei tudo o que eu não tinha chorado por todos os outros caras que vieram antes de você e sairam da minha vida bem antes de você.

Você saiu da minha vida quando eu estava começando a querer te ter DE FATO nela, e essa nossa descoordenação me deixou mais dura, mais traumatizada, mais difícil de amar (eu sei, eu sei) e mais difícil de me apaixonar. Porque se uma pessoa tão doce, tão engraçada, tão companheira, tão maravilhosa quanto você não tinha sido capaz de me amar, de me querer e de aceitar - mesmo depois de eu ter me aberto tão completamente - certamente nenhum outro cara jamais seria capaz de fazer isso.

Você saiu da minha vida e não me disse adeus. Você não disse nada, embora você tenha sido o último homem que eu disse que amava. Eu disse baixinho, eu nunca repeti e talvez você tenha achado que eu estava brincando... Mas eu disse. E saber que eu tinha dito doeu mais ainda quando você foi embora e não disse mais nada por tanto tempo.

Você saiu da minha vida e me fez endurecer, me fez um pouquinho mais amarga e mais difícil. Você saiu e levou com você a única pessoa com quem eu poderia ter tentado falar sobre você, sobre tudo isso o que eu estava sentindo, porque era talvez a única pessoa que entenderia o quão horrível era perder você. Eu senti muita raiva de você, eu senti muita raiva dessa pessoa. Eu senti muita pena de mim mesma e muitas outras coisas que eu não me orgulho de ter sentido. 

Você saiu da minha vida e permaneceu nela mesmo contra a minha vontade - Porque eu via em cada um dos caras com quem eu saí depois de você alguma coisa que fazia com que eu me lembrasse de você e me fazia dar dois passos pra trás porque eu NÃO QUERIA outro "você" na minha vida - o mundo poderia se virar com você e com as suas cópias (inclusive a oficial, que dividiu o mesmo óvulo com você) porque depois que você saiu da minha vida eu estava disposta a ficar muito bem, obrigada, sem você. Mesmo que pra isso eu gastasse horas em negação, depois horas de terapia, depois incontáveis piadas com meus amigos e depois um bom tempo escrevendo coisas que eu nunca mandei - porque mandar alguma coisa por escrito pra você era saber que você ia ler e ia me dar a sua opinião, mesmo quando eu provavelmente faria um texto dizendo o quanto você tinha me magoado e o quanto eu jamais tinha sido capaz de te superar totalmente por causa de todas as mágoas que você me causou.


Você saiu da minha vida e, eu te juro, eu estava pensando cada vez mais em você ultimamente, porque eu finalmente percebi que eu talvez tivesse tido a minha parte errada na história, talvez você fosse bom demais pra não te ter na minha vida mesmo que como um amigo distante e porque eu percebi que eu sentia sua falta (e da pessoa que foi embora junto com você) mesmo sem querer sentir. Você saiu da minha vida e eu te juro que pensei em te mandar uma mensagem, uma bem sem vergonha, um "Oi, sumido" bem fuleiro, só pra você ler, dar uma risada e responder (três horas e meia depois, porque você era ruim demais com esse negócio de mensagem... Meu Deus, como você era ruim com tecnologias - e como eu amava te zoar por causa disso, seu VELHO!) um "Êêê, menina", que eu poderia fazer virar pro assunto sério - como eu sempre fazia quando a gente discutia (sempre por mensagem, sempre à distância).

Você saiu da minha vida e tentou voltar. Na véspera do meu aniversário você me mandou mensagem ("Oi, menina") e eu te ignorei porque eu FINALMENTE estava começando a te tirar do coração (muita terapia, muita piada, muitas esnobadas que eu sabia que eram totalmente superficiais) do mesmo jeito que você já tinha saido da cabeça. Quando você propôs me ver e finalmente passar a limpo tudo o que havia dado errado entre nós, quando você disse - com todas as letras - que estava disposto a tirar a distância que havia entre nós, quando você me disse "Eu gostava demais de você" eu disse "´Não é justo você voltar agora quando eu estou bem querendo reviver uma história que eu só agora comecei a superar" e disse "Estou indo viajar e não quero mais falar com você".

E nunca mais falei.


Você saiu desta vida essa noite. 

Eu soube por uma mensagem dessa pessoa que saiu da minha vida junto com você, com quem eu não falava há ANOS, e soube - tarde demais - que eu poderia ter me despedido de você caso eu não tivesse - justo hoje! - acordado sem meu celular. Eu soube por uma mensagem daquelas bem padrões, bem clichês, dizendo com todas as letras que você tinha partido desta vida por um motivo tão bobo, tão banal, tão ridículo que eu juro que procurei no google pra saber se era possível morrer disso mesmo. E depois eu comecei a chorar porque lembrei que, caso você ainda estivesse na minha vida, seri pra você que eu ia perguntar esse tipo de coisa. Porque você sempre sabia esse tipo de coisa.


Eu não sinto raiva, eu não sinto culpa, eu não me sinto estúpida por ter perdido a chance de te falar... Eu nem sei o que eu te falaria, de verdade, caso eu tivesse te visto quando você pediu pra me ver. Eu sei que provavelment eu ficaria boba e totalmente deslumbrada com a sua aparência (porque você era maravilhoso, meu Deus do céu, como você era maravilhoso...) e qualquer coisa que eu falasse só faria sentido uns 5 min depois que eu me acostumasse com a sua presença, mas eu não posso garantir o que eu diria pra você, porque eu nunca cheguei a formular exatamente o que eu precisava te dizer.


Talvez que eu tenha te amado. Mesmo. Muito. E tão rapidamente e tão inesperadamente que eu me fechei numa espécie de jaulinha do coração assim que eu percebi isso - e percebi que você talvez não me amasse (pode acontecer). Talvez que você tenha, por todo o (pouco) tempo que ficou na minha vida, me feito acreditar que eu sou sim capaz de amar. Eu diria com certeza que você também me provou que amar alguém machuca, dói pra caramba, é horrível e complicado principalmente se a gente não é amado de volta. Talvez eu dissesse que eu nunca esqueci que a porra da altura da rede de ping pong é 15,25cm e que, durante todos esses anos, quando essa informação voltava inesperadamete à minha cabeça eu me lembrava de quando a gente descobriu isso e dava uma risadinha. Eu talvez dissesse que aquela frase que você escreveu na margem da folha do meu diário em que eu expressava o quão infeliz eu estava por você nunca estar por perto, o quão horrível estava aquele "namoro à distância" que "nem namoro era" me marcou de um jeito que até hoje eu uso em TODOS os relacionamentos que eu consigo manter (poucos, eu confesso, porque sou uma mistura bem complicada de "chatice" e "dedo podre"). Nunca é o que eu tenho na mente. Nunca.

Eu sei, meu bem, você tentou me dizer. Você me disse até quando não disse nada e agora talvez seja meio tarde pra dizer que eu sei, meu bem. É meio complicado dizer isso agora que você não está mais aqui pra ler, mas "eu sei, meu bem". Eu sei de verdade.


Eu só não sabia que seria TÃO DOLORIDO ler aquele mensagem dizendo que você se foi. Eu não fazia ideia.


Eu nunca mais vou conseguir ver um fime do Bradley Cooper sem me lembrar de você. Eu tinha esperanças de que um dia eu iria conseguir, mas agora essa esperança se foi.

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Hoje eu recebi a notícia de que a "Segunda pior fossa da minha vida" faleceu e eu acho que vou ter que refazer aquela lista porque algumas posições foram alteradas...

Comentários

Tati disse…
Fiquei um pouco na dúvida sobre o que devia dizer - e SE devia dizer algo -, mas não falar nada pareceu ser pior, então eu sinto muito. Não só pelo ocorrido, mas por tudo, por todos os sentimentos e pela eventual falta deles, mesmo!