It's natural It's chemical (Let's do it)

Eu tenho 26 anos, sou solteira, não tenho compromisso se eu lavo e se eu cozinho ninguém tem nada com isso e tenho uma lata até que bem aprazível, uma personalidade até que bem aceitável e, bem... Eu gosto de fazer o lê lê lê, né? Se EU SEI é outra história, mas eu gosto. Demais. Acho que sexo é, inclusive, uma das coisas importantes pra vida na terra (e não tô falando só da parte reprodutiva da coisa, vejam bem).
Aí você junta tudo isso e imagina que eu devo ter uma vida sexual bem daora, né?
Pois é, eu posso dizer que por algum tempo eu tive mesmo, foi bem louco.

E EU ESPERO QUE AQUELE PERÍODO NUNCA MAIS VOLTE.


Marie, eu NÃO CONCORDO mais com você.

Dia desses eu tava falando com um dos caras com quem saí e hoje ainda converso e o assunto caiu pra coisa de relacionamentos baseados em sexo. Se eu tivesse tido essa conversa em 2011 ou 2012, ou até mesmo 2013 antes da Fossa número 2, eu provavelmente teria aprovado, feito mil recomendações e dado dicas (ou aceitado a sutil indicação dele de que nós dois deveríamos ter um*), porque era o meu lance dos sonhos, ter toda a parte do sexo sem nada da parte chata e complicada de um relacionamento de verdade.



Depois do fim do meu primeiro namoro e aquele argumento de "Eu estou perdendo uma fase da vida em que eu poderia estar fazendo muito mais loucuras, pegando muito mais gente, fazendo muito mais coisas porque estamos juntos desde os 15 anos" eu tive uma fase absurdamente DADEIRA™ e pelo menos dois relacionamentos baseados apenas em sexo: Um, com um moço que conheci no twitter e que deixou claro desde o começo que não queria ser meu amigo (na época eu achei isso bom, hoje acho uma merda e talvez fale disso mais pra frente também) e outro com um que era meu amigo desde a época do colegial e eu saí com ele após o fim do meu primeiro namoro.

Ambos foram bons até o final, mas o FINAL... Meu Deus, o final foi igualzinho ao de um namoro, porém sem eu ter aproveitado as coisas boas de um namoro durante o relacionamento.

Nos dois casos eu tinha sexo (bom sexo), mas só isso. Eu não podia contar minhas coisas, eu não podia contar com nenhum deles pra um domingo de preguiça na frente da TV, uma quinta feira de desabafo após o trabalho ou um final de semana com casamento de familiar e familiares reaças. Os dois finais foram horríveis, porque NUNCA É SÓ SEXO. Pode até começar com isso e ser assim por um tempo, mas NUNCA É SÓ SEXO. Mais uma vez pra quem ainda não assimilou a ideia:

NUNCA
É
SEXO

Tá tudo bem e tudo legal enquanto os dois estão com tesão ao mesmo tempo numa terça feira tediosa sem futebol, mas quando um dos dois se apaixona (pelo outro ou POR OUTRO, tanto faz) acaba a paz. Quando um dos dois começa a cobrar as eventuais saídas, acabou a paz. Quando não há vontade de sexo, mas há vontade de papo e companheirismo e o outro lembra que "é apenas sexo", acabou a paz. Quando um arranja outro que trepa melhor, que não se apaixonou por outro, que tem mais dias livres pra sexo ou não cobra eventuais saídas, acabou a paz. Se der QUALQUER COISA errado, acabou a paz. 

É sexo, mas não é só sexo. É "apenas sexo" quando as coisas terminam - e nunca terminam bem, com os dois chegando ao mesmo tempo ao acordo de que as coisas não tão mais ok. Nunca termina com os dois sendo maduros, abrindo o jogo, sendo maduros e todo o resto. A minha geração tem esse costume bizarro de sumir quando as coisas não dão certo e quando não querem mais as coisas. A gente combina tudo por whatsapp, messenger, DM e as porra toda e é fácil "se livrar" de alguém que a gente não quer mais (porque era "só sexo", a gente não tinha que dar satisfação pra ninguém, lembra?) usando essas mesmas redes. Tem gente muito mais qualificada do que eu falando sobre isso, então eu nem preciso me alongar muito, esse post é só pra dar o geralzão da coisa mesmo e mostrar o quanto eu tô desiludida no aspecto sexual da vida também.

"Aiiin, Beatriz, mas se você não quer namorar, não quer mais um relacionamento baseado apenas em sexo, o que você quer?"

Bom, eu quero ser sincera. Principalmente e acima de tudo ser sincera, e que sejam sinceros comigo. Eu não quero mais entrar em algum lance já rotulando tudo de cara ("Com esse eu poderia ter dois filhos, um cachorro e ver filmes bons no frio de agosto", "com esse eu só quero uma trepadinha casual numa terça feira sem futebol", "com esse aqui eu vou conversar todos os dias apenas para satisfazer meu ego, mas nunca sairei com ele" e afins), eu quero deixar acontecer naturalmente, sem precisar me encaixar num papelzinho meio fake pra cara um desses tipos ("A fofa", "a sexy", a "parça que finge não perceber que você só fala comigo porque quer me comer"), eu quero que as pessoas PAREM de fazer isso também, porque não é saudável. 

Não faz bem pra gente. 


Eu sei que é muito difícil encontrar alguém na faixa da minha idade que não esteja ainda danificado pelas cagadas dos relacionamentos anteriores, mas eu quero de verdade que as pessoas sejam capaz de não carregar a amargura quando forem tentar alguma coisa nova. Eu sei que isso também é difícil, e sei que eu escorrego (e caio de bunda) quando vou botar eu mesma isso em prática, mas a gente PRECISA conseguir, sabe? Porque sabe-se-lá-Deus quantas coisas legais a gente estraga porque a gente limita as coisas. 


E eu vou parar porque esse texto era pra falar sobre sexo ocasional e acabei fazendo mais um drama sobre como a gente tá fodido nessa merda porque as pessoas não sabem mais se relacionar amorosamente. Perdão, eu continuo bem amarga.






* mas isso é assunto pra outro post, daqui um tempo, quando tudo passar.

Comentários