Sei Mais do que eu quis, mais do que sou e sei do que sei

Tem o meu trabalho, né? Que eu já disse que é uma bosta e da qual eu não posso me livrar até arranjar outro, ou o meu pai conseguir se aposentar oficialmente - O que acontecer primeiro.
Tem isso, eu já disse.
Já disse também que meu chefe é possivelmente uma das piores pessoas com quem eu já tive que conviver. Nada disso é novidade.
Mas eu deixei o tempo passar e fiquei procrastinando pra falar sobre isso porque é uma situação pesada e, se eu puder NÃO PENSAR/FALAR/LEMBRAR DA EXISTÊNCIA quando estou fora da firma é isso o que eu vou fazer e quero ver quem é que vai me obrigar a fazer o que eu não quero (tirando, é claro, continuar nesse trampo pelos motivos já citados aí em cima).
Eu enrolei pra falar e agora eu acho que tenho uma nova visão sobre a situação toda.
Posso ir do começo? Vocês se sentem de um jeito confortável aí enquanto vão lendo isso porque é um DAQUELES TEXTOS que eu sei como começa, mas não faço ideia de como vai terminar.
Vamos lá?


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2016 foi esse grande cocô mole com restos de milho em 8 de 10 aspectos da minha vida, incluindo o trabalho. O que começou como um ano promissor num trampo que eu tava curtindo terminou com a grana contadinha no.... bem... lugar que eu trabalhando.
Aí teve todo o choro, todo o ranger de dente, todas as vezes em que eu me peguei totalmente chorosa e incapaz de reagir coerentemente a uma situação simples que em outras épocas eu teria tirado de letra.
Na quinta feira da semana do meu aniversário (dia 22 de dezembro, se eu não estiver enganada e não vou confirmar agora se estou ou não) eu fui, como quem não quer nada, na terapeuta que trabalha pro-bono no centro espírita que meus pais frequentam. Eu fui como quem não quer nada mesmo, porque eu fui lá pra fazer outras coisas e, coincidentemente, ela estava lá ao mesmo tempo que eu e tinha um horário livre. Eu fui pra ver como era só (e porque eu tava num nível de choro e autopiedade que estava ME irritando) e saí de lá com outro clima. Foi bizarríssimo.

Basicamente a mulher que tinha acabado de me conhecer (e me viu chorando de boca aberta apenas após me dar OI. Sério. Eu entrei na sala dela, ela disse "Oi, Beatriz, boa noite!" e eu COMECEI A CHORAR. Olha o nível) me disse coisas que a mulher com quem eu estava me consultando há A-N-O-S vinha me dizendo há anos. 

E aí eu saquei que 2016 estava terminando com uma BAITA CHANCE pra eu encerrar os rolos que eu tinha começado há anos atrás. O fato de que o meu chefe me desestabilizava a ponto de me deixar totalmente inofensiva e frágil e vulnerável e chorosa como eu não ficava desde antes da morte da minha avó era só mais uma chance de eu lidar com o meu bom e velho medo de demonstrar sentimentos porque isso me deixa vulnerável.

Eu aceito isso, é claro, mas eu acho que se A VIDA/DEUS/O DESTINO ou qualquer outra força cósmica estava interessada em me dar uma prova bem que poderia ser uma mais fácil e que não envolvesse assédio moral. Eu ia aprender do mesmo jeito. Enfim....

Meu chefe e eu temos isso em comum. A coisa de não demonstrar sentimentos, eu digo. Claro, a gente demonstra de jeitos diferentes (eu faço piada, ele humilha os outros), mas é basicamente a mesma coisa. O homem acha que, caso baixe a guarda e seja LEGAL, o mundo vai cair e as coisas vão sair do controle dele. É foda, cara. Eu não posso falar muito sobre o meu chefe sem expô-lo aqui (e não é porque ele é um grandecíssimo pau no cu que eu preciso ser também), mas fazendo um esforcinho e exercitando a empatia dá pra entender o porquê dele querer tanto o controle e ficar tão puto quando perde.

Eu nem preciso exercitar MUITO a empatia, na real, porque eu sei exatamente o quanto é horrível perder o controle das coisas.
Eu perco o controle das coisas e largo uma faculdade no penúltimo ano porque não é minha praia.
Eu perco o controle e rio de um pedido de namoro sério.
Eu perco o controle e perco, na mesma tacada, minha melhor amiga e meu namorado (?)
Eu perco o controle, me apaixono, decido me jogar de cabeça e aí o cara vira monge.
Eu perco o controle, faço uma loucura por conta dos hormônios e aí uma cagada (risos) bota tudo a perder.
Coisas ruins acontecem quando eu perco o controle da situação e demonstro o que eu sinto. Eu tenho um puta histórico.
Então eu simplesmente me fecho, deixo pouquíssimas pessoas entrarem na minha vida e mantenho tudo sob controle. É assim que eu quero que seja, mas não é assim que deve ser.
Eu sei disso, mas é TÃO DIFÍCIL!
 É tão COMPLICADO não deixar as coisas "ruins" que me aconteceram definir o que eu sou e o que eu quero ser. É tão DIFÍCIL confiar nos outros e quase impossível DEPENDER dos outros.
Mas no man is an island, né? Eu não posso fazer isso comigo mesma e me limitar a perder as pessoas e as situações simplesmente porque alguém, no passado, me deixou vulnerável quando eu demonstrei meus sentimentos. 
Não posso e tô decidida a não deixar mais.
Eu sei que já falei isso umas quinhentas vezes (viu, Terapeuta do Capeta?), mas sei lá... AGORA VAI, PORRA.
Eu consegui achar uma coisa boa no meu chefe ser um babaca, vejam só vocês.
Eu não vou deixar o fato dele ser um babaca me afetar MAIS do que já afetou. 

É um trabalho, é o que eu faço pra pagar minhas contas, é um trampo honesto e estou fazendo isso pelos meus pais e vou fazer do melhor jeito possível porque é assim que eu sou. Se tiver um cara babaca no caminho, paciência. E paciência MESMO. E força pra superar tudo.

E muito, muito, muito amor ao meu redor pra eu conseguir segurar essa barra. 
Porque eu cansei de bancar a valente independente e tentar manter tudo sozinha. Eu não consigo e não quero mais gastar energia tentando.


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E é aí que começa a coisa toda porque, vamos lá (de novo), no man is an island. E então eu decidi que vou fazer, pelo menos uma vez por mês, um post pra alguém que eu amo ou que é importante pra mim. Eu vou fazer mais do que isso, claro, vou demonstrar pra todo mundo que é importante o quanto são importantes. Mas é isso que eu faço e gosto de fazer: Escrever.
E eu gostaria que escrevessem pra mim, então tô fazendo ao próximo o que gostaria que fizessem pra mim (?). Vale, né?
Então eventualmente eu vou distribuir amor gratuito. Porque sim.
Porque as pessoas que me magoaram e me fizeram perder a fé nas coisas importantes não vão ter mais a importância que eu tava dando pra elas na minha vida. Esse lugar vai ser pra quem EU QUERO BEM E ME QUER TAMBÉM.
Chega. Vamos deixar 2016 e tudo que veio antes pra trás.


(eu ainda vou falar do meu chefe, mas não agora)

Comentários

Tati disse…
Nem preciso dizer as forças tudo que to te mandando né?
Se eu puder só te pedir uma coisa, caso você ainda não tenha feito, é ler a palavra do livro A Arte de Pedir, venha se converter para a Amanda Palmer! (Caso não tenha lido ainda, quando o fazer, vai entender o porque de eu te pedir isso)

Abracinhos fofinhos! <3
Assédio moral é uma bosta mesmo. E a pior parte é que a gente fica naquela - se eu denunciar, fico sem emprego (ou pior, com emprego + climão) - então a gente engole o choro e aguenta firme porque pobre nasceu pra vender a alma pra se sustentar mesmo.
Meu chefe também é um babaca desses. Só que eu ainda não consegui achar nada de bom sobre ele. Ao contrário do seu, ele não é babaca só pra ter controle. Sabe 50 tons de cinza? Quando a Anaschata fica perguntando pro Mr. EuSouFodão por que ele fazia todas aquelas coisas e ele respondia "porque eu posso" (não sei se você leu esse livro, mas essa coisa de "porque eu posso" ficou na minha cabeça porque ele fala isso umas mil vezes, enfim)? Meu chefe é um babaca porque ele pode. Até porque, ele tem menos controle da situação do que eu tenho da minha vida, e olha que eu tenho ZERO controle da minha vida.
Em 2017 eu também decidi tentar ser uma pessoa mais otimista e pensar mais nos lados positivos pra não deixar essa bad vibes do trabalho (e outras) me afetarem e acabarem transformando minha vida TODA nessa coisa bad vibes. Achei seu método ótimo, porque nada melhor pra se sentir bem do que se cercar do bem.
Desejo muita força pra você lidar com essas bads.