DL2015 #1

7 - Um livro que eu comprei pela capa








Cartas de amor aos mortos (Love letters to the dead) - Ava Dellaira
tradução: Alyne Azuma

Prestes a começar o ensino médio, Laurel decide mudar de escola para não ter que encarar as pessoas comentando sobre a morte de sua irmã mais velha, May. A rotina no novo colégio não está fácil, e, para completar, a professora de inglês passa uma tarefa nada usual: escrever uma carta para alguém que já morreu. Laurel começa a escrever em seu caderno várias mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elizabeth Bishop… sem nunca entregá-las à professora.
Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky.
Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era - encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um - é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.


(Então... É uma resenha... Eu PRECISO avisar que vai ter spoiler? E, em caso de precisar, dizer que É UMA RESENHA já vale como alerta de spoiler? Grandes questões.)

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No geral: 


A capa desse livro é bem comum e existem  314984174 mais bonitas que ela mas, assim que eu botei meus olhos no "Cartas de amor aos mortos" e li um comentário do Stephen Chbosky dizendo que tinha amado o livro, eu acabei comprando.
Por quê?
É simples:



Porque esse senhor escreveu o livro que mais me fez chorar em 2013 (beeeem mais que "A culpa é das estrelas") e isso bem antes de eu começar a ler esses livros feitos especialmente pra fazer a gente se sentir meio mal e ficar falando "ok" pras pessoas que a gente ama (ué, não são pra isso que eles são feitos?). Aliás... Acho que "As vantagens de ser invisível" foi o livro que me fez começar a ler essas tristezas todas.  A culpa é toda dele.

Enfim... Quando eu vi o cara dizendo que tinha amado o livro eu comprei achando que seria bom - afinal, isso deu certo quando eu li um texto em que o Nick Hornby (meu escritor predileto) falava do Jonathan Trooper (que está no meu TOP 5 escritores).

E olha... O livro é bom. Mesmo.
Mas tem uma coisa que me irritou pra caramba um pouquinho: Ele é PRATICAMENTE uma versão mais sofrida e com uma menina como protagonista do "As vantagens". Sério.
Tanto a Laurel, protagonista do "Cartas", quanto o Charlie, protagonista do "As vantagens" escrevem cartas (dããã... JURA? 'Cês nem iam deduzir isso pelo nome do livro, né?), os dois perderam alguém da família de modo trágico (a Laurel perdeu a irmã - e eu não vou ficar falando do Charlie porque "As vantagens" é um livro muito legal e vocês deveriam ler ao invés de ficarem procurando coisas aqui. Sério. Vão ler.), os dois são inseguros, meio inocentes, sem amigos e bláblábláblá gente tímida que de repente é descoberta por um grupo de amigos ma-ra-vi-lho-so.
A Laurel se apaixona pelo Sky - que, na minha opinião, é a personagem mais legal do livro - e, pelas cartas que ela escreve, você acaba acompanhando o relacionamento dos dois, dela com os amigos (Em certo ponto da história a Laurel descobre um segredo das amigas que ela vai precisar manter. E, se você achar que parece com o que o Charlie descobre, você não está só no mundo! VAMOS FAZER UMA COMUNIDADE NO ORKUT!) e com a família (essa última parte é beeeem complicada e é a maior diferença entre a vida da Laurel e a do Charlie, por isso que eu falei que tem mais drama nesse livro que naquele).

A história é bem essa coisa adolescente-tentando-achar-lugar-no-mundo-depois-de-viver-uma-tragédia que a gente já viu em trocentos livros e não tem nem a vantagem de ser original porque - caso não tenha ficado muito claro ainda, rs - tem praticamente A MESMA HISTÓRIA que "As vantagens" e eu meio que já fiquei esperando lá pro meio o que ia acontecer no final - E não errei.

"Aiiiin, mas então o livro é ruim?"

Não. Não é ruim. Eu AMEI "As vantagens de ser invisível" então, embora eu tenha ficado com a impressão de que o livro inteiro era uma versão inspirada no livro do Stephen, eu não achei ruim. Eu gostei de ter lido e fiquei até um pouquinho emocionada na hora que a revelação foi feita.
Mas é basicamente isso: A mesma coisa que "As vantagens".
A única coisa que eu achei diferente, a questão familiar, a autora meio que trabalhou de qualquer jeito pra focar nas coisas iguais e deu um final corrido pra meio que dar a entender que as coisas seriam resolvidas com o tempo... Mas isso é uma coisa que esses livros tristes têm em comum (Já repararam isso? Tô viajando?).
Enfim... Não é um livro que eu vou ficar relendo - até porque eu já faço isso com "As vantagens de ser invisível" e eu não vou ficar mexendo na cópia se posso ter o original - mas é um livro que valeu as 6h que eu levei para lê-lo. Eu dei duas estrelinhas porque, apesar de ser uma boa história, ela já tinha sido contada e a autora nem se deu ao trabalho de fazer umas alterações significativas (até em NOVELAS eles mudam um pouquinho as fórmulas) pra gente não matar o livro de cara.


CURTI:
- Sky, o namorado - O cara não tentou ser um herói, uma dessas criaturas de livro super maduras que acha que descobriu o amor aos 16 anos e que vai ser pra sempre. Ele tem falhas, ele tem inseguranças e tá longe de ser perfeito. Quando ficou com medo pulou fora com medo de se machucar. Eu super me idenfiquei com ele, tipo nesse trecho:


Sky, te entendo completamente.

NÃO CURTI:
- Em certa parte do livro a Laurel vai numa festa, meio na bad, e lá rola uma tentativa de estupro. Coisa séria. E. NINGUÉM. DÁ. BOLA. As pessoas se preocupam, é claro, mas ninguém fala nada e ninguém toma uma atitude pra resolver a situação. Me irritou bastante.


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Essa resenha (a minha primeira!) faz parte de uma série de 24 que farei ao longo do ano para o "Desafio Literário do Era Cilada & Ju sem Filtro". Já falei dele aqui e você poderá ler as demais resenhas aqui.

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