Mini romance 5

5. O menino do Rio (toma esta postagem como um beijo se você, por acaso, cair aqui e se identificar)

Essa paixonite rolou durante o Carnaval de 2012 e, nos dias nostálgicos tipo hoje, eu chego a pensar que se tivesse sido em outra época que não 2012 teria durado muitos outros feriados. Mas nunca saberei, não é mesmo? RISOS.



Tudo parecia muito lindo e bom demais pra ser verdade desde o começo: Ele torcia pro Palmeiras, gostava de samba e tinha uma voz maravilhosa, além de dançar bem, ter um cafuné que era mais eficiente que me chamar de "minha linda" com aquele sotaque carioca que eu sempre achei que era um pouco forçado até descobrir que ele tinha meiiixxmo vindo do Rio.
Na verdade, dizer que ele torcia pro Palmeiras era pouco: Ele era doente pelo Palmeiras e foi por isso que a gente se conheceu (e foi por isso que eu achava o sotaque dele a coisa mais impossível do mundo: Como é que um carioca poderia torcer tanto pra um time de São Paulo? O Palmeiras não tem clima do Rio de Janeiro, vamos combinar): Quando a gente se conheceu era uma noite de quarta feira chuvosa, friorenta e irritante em que o Palmeiras jogava e eu esperava no ponto de ônibus minha chance de ir pra casa e ver o jogo. Então um cara gritou "GOL!" e eu fui com a maior cara de pau perguntar de quem - e aí esse cara respondeu, com um puta sorriso lindo, que era gol do Valdivia "o chileno mais lindo do mundo"Daí pra eu cair no riso e a gente ir conversando da USP até o Terminal Lapa, depois combinarmos de sair foi fácil do que apostar que o Valdivia vai se lesionar e desfalcar o Palmeiras por umas vinte rodadas.

O cara era intenso com todas as coisas que curtia: Ele não apenas gostava de samba: Ele respirava, comia, bebia e curtia cada nota que conseguia tirar do cavaquinho que eu o ouvi tocar no final de semana seguinte, descobri que, além de tudo, tinhamos um amigo em comum. Ele cantou, olhando pra mim, que fazia tempo que o coração dele não batia daquele jeito - e, um tempo depois, repetiu essa bem baixinho no meu ouvido enquanto se aproximava pra me dar um beijo. Eu nem percebi que já tava caidinha até ganhar esse beijo, não vou negar.

Esse cara era um perigo: Me chamava de "lindinha" e dizia que meu jeito de brava não o assustava. Por isso quem se assustou fui eu: Era um cara tão tranquilo, tão suave, que falava tão macio e conquistava sem fazer esforço que quem acabou se assustando fui eu - E eu dei no pé mais rápido que o Allan Kardec quando recebeu proposta pra jogar no São Paulo.
Menino do Rio se tornou um lembrete pra eu ficar longe dos cariocas pra eu deixar de ser trouxa e aproveitar as coisas boas quando elas aparecem. Sem medo. Porque eu só dei no pé porque fiquei com medo de enfiar alguém na minha vida (e o fato de que Menino do Rio parecia ser fácil e divertido feito o cara que veio antes dele, só me fez ter a certeza de que era CILADA e possivelmente ia acabar em raiva como foi com o igualmente fácil e divertido que veio antes dele ou, pior, com choro e tristezinha - tudo o que eu tive em 2012 por conta de outras coisas da vida e não queria jogar também pra vida amorosa).

Menino do Rio se formou na USP e voltou pra cidade maravilhosa. Da última vez que eu stalkeei tive notícias 'tava namorando uma moça paulista, baixinha, palmeirense que é, basicamente, uma versão minha que não se assustou. Contei essa história porque é um dos meus grandes arrependimentos, um dos grandes "se" da minha vida. Uma das vezes em que a culpa de ter tudo desandado foi toda minha.


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