Não amo ninguém e é só amor que eu respiro

Então ok.
Eu confesso.



"Se todo alguém que ama

Ama pra ser correspondido 
Se todo alguém que eu amo 
É como amar a lua inacessível 
É que eu não amo ninguém 
Não amo ninguém 
Eu não amo ninguém, parece incrível 
Não amo ninguém 
E é só amor que eu respiro" 


Eu me apaixono sempre. O tempo todo. Eu me apaixono pelo cara bonitão que senta ao meu lado no ônibus e pede licença com um sorriso lindo no rosto. Eu me apaixono pelo atendente de cabelo cacheado que dá boa tarde sempre que eu passo em frente à loja do pai dele. Eu me apaixono pelo amigo engraçado do meu amigo da faculdade, mesmo sabendo que ele tem namorada. Eu me apaixono pelo amigo do meu amigo só porque ele tem aquela cara de malvado e aquela voz rouca. Eu me apaixono pelo baterista da banda só porque ele faz aquela viradinha com o braço que só baterista sabe fazer. Eu me apaixono por um cara que conta uma piada legal. Eu me apaixono por um ATOR interpretando um personagem irresistível. Eu me apaixono pelo cara gato da minha aula de quarta feira toda vez que ele faz um comentário que eu poderia ter feito. Eu me apaixono pelo cara da aula de museu toda vez que ele entra no auditório e fala "e aí, boa tarde", daí vai pro fundo e se senta NO MESMO LUGAR. Eu me apaixono pelo desajeitado que faz piadinhas sem graça no twitter todo santo dia. Eu me apaixono pelo Benjamin TODA SANTA VEZ que ele ressurge das cinzas lá do cafundó do mundo com um comentário certeeiro sobre alguma coisa que ele viu, lembrou de mim e decidiu comentar. Eu me apaixono sempre. O tempo todo. Mais de uma vez por dia.


Eu me apaixono pelo simples fato de que ADORO me apaixonar. ADORO esse friozinho na barriga. ADORO achar um detalhe num cara que me faria me apaixonar perdidamente por ele. ADORO flertar. ADORO achar em todos os lugares que eu vou uma pessoa que vale a pena olhar, que vale a pena ficar decorando detalhes -Mesmo que eu esqueça esses detalhes cinco segundos depois.
ADORO. ADORO.


Adoro, mesmo que não tenha nenhuma chance. Adoro apesar disso.
Adoro me apaixonar.


Então sim... Ok. Sou absurdamente culpada por me apaixonar sempre. Absurdamente culpada.
Sou absurdamente completa por curtir um platonismo, por exagerar no amor, por exagerar cada reação, por exagerar cada sintoma, por curtir cada segundinho como se fosse festa. ADORO.
ADOOOOOOOOOOOOOOOOOORO, com vários "O".

E adoro saber que sou correspondida também. Adoro olhar pro cara dançando lá do outro lado da pista e perceber que ele tá olhando de volta e que ele quer falar comigo. Adoro saber que um cara tá disposto a sair comigo mesmo sabendo que eu sou ex de um cara-da-turma (ai mostra que ele não é babaca, né? Razão babaca pra dispensar alguém é muito desapaixonante). Adoro saber que um cara tá disposto a sair comigo mesmo eu já o tendo dispensado antes PRA FICAR EM CASA. Adoro que um cara troca mensagens comigo o dia inteiro.

Adoro SENTIR que sou capaz de me apaixonar, sabe? E de passar por tudo isso. Adoro. Adoro. Adoro o jogo de se apaixonar. Adoro essas paixonites mais "pesadas" também (porque até agora essas foram simples e efêmeras) que me deixam sem ar e melhoram meu humor... Mas adoro PRINCIPALMENTE que eu não fico me me guardando numa torre esperando as coisas darem certo.

Adoro me apaixonar de leve, só por ser solteira, só por PODER me apaixonar. E adoro ter, no fim do dia, um cara com quem eu sonho e que eu poderia facilmente vir a AMAR, só pra variar.

O Cazuza estava certo. Preciso por esse trecho de novo:

"Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro"

Não é pra levar a sério minhas paixões. Eu nunca as levo a sério.
Quem eu conheço, quem ME conhece, sabe quando eu estou apenas curtindo ou quando tem algo a mais na história... EU sei disso, é isso que importa. E isso não quer dizer que vou ficar fechando a porta pra qualquer cara que aparecer na minha vida e tenha algo que vale a pena. Não é assim que funciona. Não comigo, pelo menos. A paixão inocente que eu curto, as paixonites do cotidiano, não foram feitas pra machucar aquelas paixonites que eu quero que virem algo a mais.


E, se estiverem, é porque eu tô fazendo alguma coisa muito errada.

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