Your tale has only begun It comes from far the Nowhereland

Num assunto mais leve (oi, sobrevivi ao jogo de ontem mas quase morri umas cinco vezes)...

Quando eu tinha uns 13 anos, na minha época da 8ª série, eu era apaixonadinha por um mocinho da minha sala E por um amigo dele, um ano mais velho que a gente, ao mesmo tempo (certas coisas nunca mudam, risos) e, como eu era completamente tapada, idealizei esses moços AO EXTREMO ao invés de ir atrás e procurar ver se eu tinha chances, fazendo o que eu fazia (e faço) de melhor: Inventar historinhas sobre eles e episódios que tinham acontecido com esse triângulo maroto do amor platônico na 8ªA do Colégio dos Padres. 
Sério, eu não pegava ninguém MAS ERA CADA HISTORINHA MARAVILHOSA ♥
A maioria eu perdi porque escrevia todas e salvava em DISQUETES, coisa que eu não faço ideia de onde estão hoje e se ainda funcionam, mas uma eu arrastei de backup de PC a backup de PC e achei num CD queimado em 2005 e consegui abrir ontem.
Todas as quase quatro versões em que eu trabalhei entre 2003 e 2005 (quando eu arranjei um namorado de verdade e parei de escrever sobre paixonites que nem existiam mais).

Gente, na primeira versão são quase 300 páginas de puro romance adolescente mal escrito. Páginas e mais páginas de diálogos super profundos e necessários quanto:

"_Não se preocupe... Suas piadas são muito alegres, porém não consigo achar graça em nada nesses últimos dias... 
_Não gosto de vê-la triste. 
_Eu não estou triste. 
_Está. 
_Não! 
_Está! 
_Não estou. 
_Sim. 
_Não! 
Os dois se encararam e depois explodiram em uma gargalhada. 
_Assim está melhor! Não gosto de vê-la triste! – ele disse, enquanto ela não conseguia parar de dar risada. 
_Você... É.... muito... Engraçado... – ela disse, com a mão na barriga."

Eu fiz meu próprio Crepúsculo quase cinco anos antes do  Crepúsculo. 'Cês tem noção de que eu poderia estar nadando em dinheiro tipo o Tio Patinhas? hahahaha

O texto era ruim, mas a história era ótima: Era uma princesa de um tempo meio medieval, filha única de um rei e rejeitadíssima por ser mulher, que era tratada como prisioneira porque, pela sua condição (ser mulher, no caso), só seria útil se arranjasse um casamento. Aí a menina era criada com um rigor extremo até que chegava uma guerra louca, os pais dela fugiam, ela ficava pra trás e um cavaleiro super machista (não usei esse termo, mas hoje eu sei que ele é) aparecia pra salvá-la, aí as coisas ficavam loucas e a princesa tinha que mostrar que não era uma tapada inútil como tinha sido criada pra achar que era. E no final ela não precisava fazer nada porque o príncipe salvava o dia, fazia o bom casamento que ela tinha sido criada pra fazer e FELIZES PARA SEMPRE.

Mas é óbvio que a princesa era uma bonequinha nessa primeira versão, disputada pelo príncipe machista e pelo (gente, chorem com essa descrição:) Arqueiro loiro de cabelos escorridos que vivia na floresta liderando um pequeno bando de rebeldes e havia se apaixonado pela princesa assim que botou os olhos nela. Legolas ft. Robin Hood. Grandes referências da minha pré-adolescência (hahaha).

O mais legal é ver que a Beatriz de 2003 achava isso maravilhoso, mas a Beatriz de 2005 não. Na última versão eu aparentemente mantive o plot principal (princesa filha única criada com desprezo pelos pais e que só tinha continuado viva pra fazer um bom casamento, até que rola uma guerra fodida e ela precisa se virar nos trinta junto com o marido que havia sido prometido pra ela e que ela detestava), mas transformei a princesa numa badass que, embora não tivesse muitas manhas das coisas, conseguia se virar e salvar o mundo sendo quem ela era e enfrentando todas as tretas que surgiam no caminho com a - eventual, porém não obrigatória - ajuda do príncipe e do arqueiro loiro que vivia na floresta liderando um pequeno grupo de rebeldes (Legolas e Robin Hood ainda eram referências na minha vida, dsclp). O texto amadureceu muito, a história ficou muito mais legal de acompanhar e com trechos de verdadeira epifania, tipo esse:


"Ela, como princesa, tinha a obrigação de fazer sua parte para melhorar a situação. Não só de seu povo, mas de todas as pessoas afetadas pelo conflito. 

Mas de qual maneira? Ela era apenas uma mulher, não tinha voz no Conselho de Guerra. Ela não podia nem ao menos ouvir as discussões, e quando era convidada a entrar no salão onde a reunião acontecia, quando ocorriam em Peren, era apenas para servir os reis e senhores da guerra presentes, já que nenhuma pessoa não nobre poderia entrar nos salões da assembleia. 
O que uma mulher poderia fazer para frear a guerra? 
Ela já havia percebido que fazer parte diretamente do conflito não era uma boa ideia... Mas qual a ajuda que ela poderia dar para o fim do conflito? 
Olhou-se no espelho novamente e seus olhos se voltaram para o que restava de nobre em sua aparência... O anel. 
E então a resposta surgiu em sua mente quase que por mágica. 
Uma mulher comum, de fato, não poderia fazer muita coisa - mas ela não era uma mulher comum:
Ela era Cibele, princesa do Reino de Peren."



Eu, com 25, sinto orgulho da adolescente de 16 que escreveu isso. De verdade. Ok, tem um ou outro erro (mas isso tem até hoje porque escrevo a maioria direto no blogger e não passo corretor rsrs) e algumas ideias erradas, mas lendo os dois textos eu consigo sentir a evolução.

E aí rolou um lance curioso: Eu me peguei lendo a história, a versão final, cada vez mais interessada (porque eu não lembrava das mudanças que tinha feito) e fiquei sinceramente decepcionada quando vi que eu tinha parado no meio e não tinha final. Eu li uma história MINHA como se fosse algo que outra pessoa - e uma pessoa que escreve bem! - tinha escrito. E fiquei ansiosa pela continuação.
'Cês tem noção do quanto isso foi maravilhoso?
Pois então.
Pode ser que eu, com 25 anos, esteja pensando seriamente em dar outra versão pra essa história - E um final também. Porque sim. 



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obs: Eu era tão SÉRIA nesse negócio que o texto tinha uma trilha sonora. E uma delas era essa música do título, do Shaman, que eu ouvi TANTO que hoje não consigo escutar inteira sem querer vomitar. 

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