And you've never met anyone as negative as I am sometimes



Minha terapeuta e eu estamos naquela fase em que uma sessão por mês tá bom, tá daora, a gente só acerta uns pontos e "tchau, se cuida, até o mês que vem, se precisar me liga e vem aqui... Mas você tá bem e não vai precisar", dindin no bolso dela e, geralmente, um monte de coisas pra eu ficar matutando durante o mês, escrever sobre e discutir com ela no mês seguinte. Tá ótimo, é melhor do que quando eu ia pra lá e pilhava no descontrole e no monte de "e se?" e neuras. 
Eu só não falo que essa mulher foi a pessoa mais importante dos últimos dois anos da minha vida porque ELA me fez ver que, na real, a pessoa mais importante sou eu. Sempre. Pelos últimos (quase) 26.  E foi nos momentos em que eu me esqueci disso que as coisas deram errado.
Enfim... QUE MULHERRRRR MINHA TERAPEUTA!

Ano passado quando rolou todo aquele lance com o Monge (eu já citei, mas nunca falei diretamente sobre ele por aqui e sempre falo que "um dia eu falo". Bom... Um dia eu falo) ela ficou quase tão empolgada e feliz com as coisas que eu contava do que eu. Não sobre a história em si, mas com a MINHA reação sobre a história toda. O que vocês não sabem (porque não prestam atenção) é que eu fui para a terapia principalmente porque não sei demonstrar sentimentos e, quando o faço, é sempre de um jeito explosivo e direto, o que nem sempre é bom.

Mas o Monge,desde o começo me deixou confortável e fez as coisas fluírem tão bem entre a gente de um jeito que só tinha acontecido com uma pessoa antes dele: Justamente o meu primeiro namorado, o cara dos cinco anos, o cara que me fez começar a fazer terapia quando a gente terminou porque eu não sabia lidar com o tanto de sentimentos que eu tava sentindo tudo de uma vez. 

Bom... Eu nem preciso dizer que isso me apavorou de um jeito que teria me feito correr uma maratona pra longe dele caso ele não tivesse feito isso primeiro, né? Claro, o Monge não me traiu com uma moça da faculdade feito o primeiro namorado e depois disse que tinha perdido a juventude comigo (pois é): As razões dele foram... melhores (?). Não vem ao caso discuti-las, o que vale é que não deu certo, eu fiquei mal e decidi que jamais ia falar dele com ela porque sou idiota e tava repetindo os erros que fiz antes darrrr... Tinha nada a ver falar dele sendo que o negócio tinha acabado como todas as outras coisas acabam e eu teria que viver com isso e falar só foderia o rolê todo, era até bom que tinha acabado blábláblá

Nisso se passaram QUASE DOIS ANOS de eu contando todas as coisas que aconteciam, que me faziam ficar nas neuras, contando as coisas das quais eu ficava orgulhosa e entrando lá pra chorar copiosamente o que tinha dado errado (aconteceu mais de uma vez, admito) até regular os sentimentos a ponto de conseguir dizer "eu amo você" e "obrigada por estar comigo" e "sinto sua falta" e coisas do tipo pras pessoas que amo e "olha, acho que não tá legal isso que você está fazendo" e "isso me magoa, eu não sou obrigada a aguentar isso" e "você tá sendo babaca, pare" pra quem estava de algum jeito me magoando. Eu tô tão bem que a gente já tá pensando em parar de se ver ano que vem.

Mas adivinha se eu não corto qualquer menção ao Monge assim que percebo que estou começando a falar dele? E adivinha se ela não fica puta com isso? E adivinha se ela não me deu razões muito boas pra falar sobre isso hoje e me convenceu a ponto de eu querer falar. E gastar quase DUAS HORAS falando sobre isso hoje (pra desencavalar o ano inteiro de omissão).
Que mulherrrr a minha terapeuta.


Aí estávamos conversando (a terapeuta e eu) e eu lembrei desse post da Leila (oi Leila, adoro seu blog, sempre leio e adoro que você entre aqui... Mas sou tímida e não comento ♥) e do desafio de cartas e decidi que vou unir o útil ao agradável e escrever pras pessoas. Inclusive pro Monge - PRINCIPALMENTE PRA ELE - nesse desafio aí. Porque não basta falar pra ela como eu me sinto, é claro. As pessoas também precisam saber, guardar as coisas não faz bem e blábláblá. E aí é isso: A partir de janeiro tem os 30 dias de Carta por aqui. Já escrevi 10 delas porque é assim que eu funciono.

Aguardem.

Comentários

Beatriz disse…
Olá, Bia, tudo bom? Te achei aqui nas estatísticas do blog e vim dar uma olhada por aqui. Não ia comentar nada porque sou dessas leitoras fantasmas, na maioria das vezes, mas me identifiquei tanto com esse teu post que não pude ficar calada.
Comecei há uns anos terapia por ser tímida, reclusa e contida demais; tenho esse mesmo problema de não falar sobre meus sentimentos pra/com ninguém. Comecei a terapia e melhorei muito, hoje falo mais, me imponho e etc, mas não to 100% sabe? Ainda é bem difícil demonstrar que gosto das pessoas e por aí vai, melhorei muito em outros aspectos, é preciso admitir, mas quando se trata de sentimentos a coisa fica meio esquisita. E pra falar a verdade larguei da minha terapeuta porque nem com ela eu conseguia falar sobre essas coisas, nem com ela eu conseguia me abrir. Hoje estou a procura de outra, porque preciso urgentemente me livrar dessas correntes que me prendem dentro de mim mesma. Enfim, fico muuuito feliz que você está melhorando e isso me dá mais esperança de que tenho jeito hahaha. Obrigada pelo post!!!
Beijosss