30 dias de carta (13)

Dia 13 - Alguém que você gostaria que te perdoasse


Osasco, 26 de novembro de 2015.


Vó, 

Hoje se completam 12 anos que a senhora faleceu e eu pensei muito em como foram os nossos últimos meses e eu fui uma completa imbecil. Me desculpe. Eu posso usar a minha pouca idade como desculpa mas a realidade é que seria uma desculpa furada. Eu sabia que estava errada e fazia mesmo assim.
Eu deveria ter sacado que você estava sendo má, mas porque estava sofrendo e deprimida porque sua vida tinha mudado completamente em um curto período de tempo, mas que você nunca deixou de amar a minha mãe - do mesmo jeito que eu sei que ela não deixa de me amar quando nós brigamos. Eu deveria ter visto na relação de vocês um espelho da minha com ela e ter suportado com a mesma paciência e amor que ela suportou.
Eu sempre te amei, vó, e nunca percebi o quanto você me amava de verdade até o dia em que seu amor não era mais presente. Foi uma dupla perda. Não chorei no seu velório nem no seu enterro, e só fui desabafar muitos anos depois, no consultório de uma semi estranha, e depois de chorar a sua morte eu ri porque chorar com estranhos e não com você era o tipo de coisa que aconteceria só por você não estar mais com a gente nesse plano físico, vó.
Você foi meu refúgio e meu apoio todas as vezes em que eu precisava de uma aliada contra meus pais (birras de criança, eu sei) e foi minha amiga, minha parceira, minha confidente e minha protetora em muitos momentos. E, nos seus últimos meses, quando você precisava de alguém que estivesse ao seu lado e fosse sua aliada eu não estava lá.
Espero que um dia você me perdoe. Eu confesso que, por essa, eu ainda não me perdoei. Mas você é vó e espero que seja mais fácil pra você. Um beijo, vó. E até qualquer dia. Saudades do seu pudim de pão e do seu abraço apertado ♥


Amor, da sua neta
Biazinha

Comentários

Felipe Fagundes disse…
Essa carta foi um tiro :'-)