I think of everything you've got for you will still be here tomorrow

Eu escrevo muito sobre os meus pais porque TUDO o que eu sou é por causa deles e porque tudo o que eu escrevo sobre mim, sobre a minha personalidade, tem - no fundo - a essência de quem eles são e me ensinaram a ser. Falar sobre mim é falar sobre eles - Principalmente sobre o meu pai, que foi quem me passou 99% da minha personalidade.

Meu pai é minha versão com mais pimenta, com mais sal, com mais cominho. Temperada ao extremo e só pra quem aguenta. Não há meio termo com o meu pai: Ou você o adora e sabe o quanto ele é justo, honesto, sincero e leal, ou você o odeia e sabe o quanto ele é "exagerado", "ignorante", "grosso" e "controlador".

Pra minha sorte (e sanidade mental) eu sou do time que ADORA o meu pai. Mesmo quando a gente briga (o que não acontece pouco), mesmo quando a gente perde a paciência um com o outro (o que TAMBÉM não acontece pouco), mesmo quando eu prefiro estar com um corte aberto na perna, no meio do oceano, numa área sujeita a ataques de tubarão do que no mesmo cômodo onde ele está dormindo (ele ronca e só dorme com a TV ligada. Eu só durmo no silêncio e no escuro). Eu adoro o meu pai e sei que, por mais que a gente brigue, por mais que a gente se deteste por alguns minutos, se eu o odiar eu estarei odiando A MIM MESMA - o que, vamos combinar, não é uma coisa legal.

Claro que não foi de um dia pro outro que eu saquei isso e, de vez em quando, a gente ainda passa uns dias de cara virada um pro outro, não vou negar. Mas acho que a gente vai envelhecendo (eu, no caso) e ficando mais paciente. Ou acostumada. Ou aprende mesmo. Sei lá. Só sei que eu me irrito muito menos com ele hoje em dia do que há dez anos e por muito menos tempo. Passei a me colocar mais no lugar dele e acabei sacando que a maioria das coisas que irritam o meu pai são por causa de insegurança. Em vários campos da vida. E quem sou eu pra julgar meu pai e as inseguranças dele, né? SENDO EU A PRINCESINHA DA INSEGURANÇA PRECISO RESPEITAR O REI.

Acho que, mais importante que isso, eu aprendi a respeitar demais o meu pai (minha mãe também, mas não tô aqui pra falar dela hoje rs). Veio de uma família grande, tem 11 irmãos, perdeu a mãe aos 13 anos e o pai aos 15 e foi praticamente criado pela irmã mais velha. Meu pai não teve referência de pais na vida dele e, mesmo assim, conseguiu me criar com o mínimo de dano possível. É preciso respeitar um homem desses.

E hoje ele tá fazendo aniversário. 55 anos.
Parabéns, paiê. Felicidades ♥


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