Essa NÃO é mais uma das manjadas histórias de amor que já aconteceu comigo, com você e com todo mundo. Esse mini-romance é especial demais, é o Dragão Branco de Olhos Azuis do meu baralho do Super Trunfo das Desgraças, a história que eu vou contar no bar pro resto da vida porque ela é simplesmente maravilhosa demais pra ser guardada apenas pra mim.
Prepare-se: Você fará uma viagem incrível quando eu terminar de contar.
Atenção para a contagem regressiva
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Um belo dia eu estava fazendo minhas coisas quando, de repente, meu celular apitou com uma notificação: Um cara desconhecido tinha me adicionado no Facebook. Daí dei aquela stalkeada no perfil e saquei que era da USP. "Hmm.... Será
alguém que eu conheci em alguma festa e não tô lembrada? Vamos educadamente
perguntar"
eu: Oi, tudo bem?
Desculpa, mas não tô lembrando de você. A gente se conhece?
cara desconhecido que me adicionou no Facebook: oi! então!
não! A gente deu match no Tinder, mas eu vi que você não entra lá tem uns meses
e eu te achei interessante e achei que valia a pena te procurar. Daí entrei no
seu instagram e achei seu Facebook. Tudo bem?
Era comecinho do ano, tava um calor desgraçado e eu tinha
acabado de comprar uma piscina gigante pra passar minhas férias com o bumbum na água
e tomando biritas diversas sem sair de casa já que eu não ia viajar. Esse primeiro micro diálogo e esse primeiro stalk aconteceu enquanto eu estava dentro de uma loja do Ponto Frio (talvez por isso eu não estivesse dando
a atenção necessária para o fato de que um STALKER CONFESSO tinha me caçado nas redes sociais? Talvez. Nunca saberemos). O fato é que eu comprei minha
piscina e minha prioridade não era conversar com um desconhecido da
internet, né? Mandei um "olha, te aceitei, depois a gente conversa" e
fui pra casa desfrutar de uma tarde de bumbum na água e biritas
diversas. A noite, como eu já tava meio de pilequinho e vermelha de
Sol, eu não sai (era uma sexta feira, me lembro bem). E aí vi o desconhecido
stalker online e (por que não?) fui puxar papo.
Foi aí que fodeu tudo.
Meu querido leitor, minha querida leitora, quantas vezes já aconteceu na sua vida de encontrar alguém
ocasionalmente na internet e, sem nunca terem se falado antes, passar a
madrugada falando de coisas aleatórias com essa pessoa, sem vacilar pra contar
coisas que seus amigos, se sabem, demoram pra saber, e dando risada alta de madrugada quando a
pessoa contava coisas igualmente boas?
Comigo já tinha rolado algumas vezes (eu sou sociável, gente, dsclp), mas eu nunca tinha avançado
na conversa tão profundamente e tão rapidamente como aquele dia. Fiquei bem assustada, não nego, principalmente porque eu não
tinha como saber se o cara tava me entendendo direitinho porque tinha me stalkeado
profundamente (era possível) ou porque a gente combinava de um jeito
bizarríssimo.
Aí eu fiz a unica coisa que alguém com pelo menos meio cérebro sabe que não deve fazer: Topei sair com o cara ao vivo, claro.
A gente vê aquelas
histórias de pessoas que se envolvem com desconhecidos na internet e pensa em
crianças que não tem malicia, ou idosos que não tem o paranauê da internet...
Mas eu poderia ter sido MORTA porque topei sair com um cara que era
assumidamente meu stalker na internet. Imagina as notícias. Imagina o Datena capitalizando em cima da minha morte, caras. IMAGINA.
Marquei com o cara na USP, perto de um lugar movimentado, e
botei dois capangas amigos de olho: Dei a placa do carro, avisei
pra onde a gente tava indo e o nome completo do cara (além de ter deixado o meu
amigo que tem a senha do meu facebook de aviso, falando pra ele entrar e
imprimir o histórico inteiro de conversa e divulgar em todos os canais possíveis pra ninguém nunca mais cair na lábia do provável psicopata). SE EU FOSSE MORRER, O STALKER IA PAGAR POR ISSO. - Mas não morri, né? Claro. Dã.
A gente foi assistir Frozen. No
primeiro encontro. Eu não lembro quem deu a ideia, mas lembro que em algum
momento eu falei "Eu curto desenhos Disney, por mim tá ótimo!" e ele
entrou nessa aventura muito louca chamada "Ok, vamos lá sair com essa moça
que eu adicionei porque achei gata, que eu chamei pra sair porque achei
interessante, que eu deixei entrar no meu carro e trouxe pro cinema porque ela
curte desenhos Disney".
Em algum momento ali entre os traillers rolou um beijinhos e
eu, que lembro de tudo, não lembro do momento exato do primeiro beijo ou como
ele aconteceu. Do que eu lembro mesmo daquele dia é dele tentando escolher
alguma coisa pra comer enquanto eu ficava na pontinha dos pés enchendo o cara
de beijos na praça de alimentação. Irritante, né? Foda. Se fizessem isso comigo eu já dava logo
uns berros. A hora da comida é sagrada.
Mas o foda é que eu soube, mesmo sem querer admitir, ainda na
primeira madrugada de conversas, que eu tava apaixonada. Sim. O cupido tinha me
acertado com a sua flecha, o anjo tinha chegado na hora certa. Eu tava completamente fodida.
E aí a paixonite foi aumentando, eu fiquei cada vez mais
fechada, o cara também era tímido e respeitador nos assuntos de relacionamento
(isso eu achava, né? Mas aí talvez já seja um spoiler) e a gente ia levando um
começo de alguma coisa num nível que era semi celibatário.
Até que não foi mais (semi celibatário, eu digo). E foi só
"ok". Gente, vejam bem... Eu não estou falando mal do cara. Eu tô falando mal dessa coisa chamada "criar expectativas". A expectativa é a mãe da merda, gente. Você quer tanto uma coisa, você imagina tanto uma coisa acontecendo e a realidade quase nunca é igual ao que você imaginou. Eu não tô imune a isso. Não foi ruim, foi "ok" comparado ao paraíso que eu tinha imaginado na minha cabeça.
Novamente o meu lado racional começou a GRITAR um "TEM
ALGUMA COISA ERRADA AÍ, BEATRIZ. TEM ALGUMA COISA MUITO ERRADA AÍ. SEGURA,
BERENICE, NÓS VAMOS BATER!" e eu - novamente - ignorei solenemente porque o meu lado
passional tinha se divertido bastante mesmo no momento "ok" e tava
pegando pra ele uma parte da culpa por ter sido "ok" (porque eu
fico realmente tímida quando tô apaixonadinha. Não é legal, caras).
Meses se passaram e chegou o Carnaval... Como eu tava
solteira (apaixonada, porém solteira), fiz vários planos de cair na farra,
beber e dar mole pra semiconhecidos na rua, aproveitando que o stalker,
conforme já tinha me avisado, ia pra um retiro espiritual.
---PAUSA---
AGORA 'CÊS JÁ SABEM DE QUEM EU TÔ FALANDO?
Eu já falei pra vocês que, tirando algumas fases muito específicas da
minha vida, eu não tenho essa coisa de sair com trinta, dar pra vários, fazer
risquinhos no diário contando com quantos caras eu saí, né? Pois bem. Eu tinha
planejado curtir, mas tive um carnaval bem tranquilo fazendo coisas tranquilas
com os amigos (e morrendo de saudade do stalker porque, vamos lembrar, eu tava
apaixonada e gente apaixonada fica o quê? Isso mesmo: Idiota) e riscando os dias pra quarta
de cinzas quando o stalker finalmente voltaria e a gente ia matar as saudades.
Terça de carnaval.: Silêncio.
Quarta de cinzas: Silêncio.
Quinta: Silêncio.
Sexta: Silêncio.
Sábado: Aniversário do amigo com Alma-Russa, ele sabia, ele
tinha sido convidado e... Não apareceu.
Domingo: Fossa dos infernos.
Segunda feira pós carnaval: Silêncio.
Terça feira pós carnaval: Uma mensagem com o famigerado
"oi, a gente precisa conversar, né?" - E vocês não fazem A MAIS PUTA IDEIA do quanto essa frase que
precede o apocalipse me fez bem.
Gente, pensa bem...
Você tá saindo com um cara, ele diz que vai pra um "retiro" no Carnaval, o Carnaval acaba e você não tem notícias do cara. Você pensa o quê?
Todo o tipo de merda, né? Que o retiro era, na verdade, a simplificação de "Retiro minhas roupas e três gatas de etnias diferentes dançam sensualmente pra mim, aí eu posso escolher uma delas, duas se eu for ousado, e fazer um ziriguidum", que o carro dele tinha caído na estrada e ele tinha morrido, que ele tinha se apaixonado por alguém e fugido, que curtir o carnaval tinha feito o cara perceber que até ficar solteiro e ter que sair com gente dodói da cabeça era melhor do que sair comigo... Esse tipo de merda. Quando o cara deu sinal de vida eu fiquei aliviada. Sério.
"Talvez, às vezes, é pior que o não", como diria
aquela música do Ramirez que eu curto pra caramba, e eu tinha certeza absoluta que ia ganhar um não, mas
que ia ficar bem melhor em termos de desgraçamento mental.
Daí no dia combinado pra tal conversa o moço apareceu: Meu HD
na mão (que eu tinha esquecido com ele da última vez que tinha ido pra casa
dele assistir Sherlock), uma cara de cachorro que caiu da mudança e umas frases
pra me dizer pra justificar o sumiço.
Aqui eu preciso fazer uma pausa e dizer pra vocês que NADA,
NADA NA VIDA, NENHUM RELACIONAMENTO QUE EU TINHA TIDO, NENHUMA COMÉDIA
ROMÂNTICA QUE EU TINHA VISTO, NENHUMA FICÇÃO QUE EU TINHA LIDO, NENHUMA
HISTÓRIA QUE EU TINHA ESCUTADO DOS AMIGOS.. NADA DISSO... Tinha me preparado
para o que o stalker me disse naquele momento. Nada.
"Beatriz, eu fui meio babaca com você e sumi esses dias
porque eu não sabia como te dizer o que eu preciso te dizer, mas você é uma
garota muito maravilhosa e merece saber a verdade: A gente não vai mais poder
sair porque eu tô passando por uma fase meio assexuada, tive uma epifania no
retiro espiritual e acho que vou virar Monge"
Por dentro eu estava:
QQQQQQQQQQQQQQQQQQ
Por fora eu nem lembro como eu estava porque, provavelmente
deu tela azul e eu só teria como saber como fiquei nessa hora se eu perguntasse
para o Monge, mas ele não vai lembrar. O tempo e a História perderam essa
informação valiosa.
E eu encerro essa primeira parte por aqui, porque eu demorei
QUASE TRÊS ANOS pra escrever sobre esse Mini-Romance por um motivo e esse
motivo é: Melhor. História. Ever.
Não percam o próximo post, que sai.... Quando Deus quiser
(nesse blog eu sou Deus e já escrevi a próxima parte e programei, mas apenas EU
sei quando e vocês terão que entrar aqui para acompanhar MHUAHUAHUAUHA).
(segunda que vem, gente. Segunda que vem sai a parte 2)
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