You'll never be a better kind If you don't leave the world behind

Daí que eu tava a toa no meu lugar e veio a mosca me atrapalhar  uma amiga, que tem se tornado bastante amiga nos últimos tempos, veio me perguntar sobre um amigo, que é meu amigo há tanto tempo que eu sinceramente já cheguei no ponto de achar que nossa amizade agora só pode terminar com a morte de um dos dois - porque, falando sério, esse cara sabe demais da minha vida pra viver por aí sem ser meu amigo.

Mas perguntar daquele jeito, sabe? Querendo saber sobre a vida amorosa dele de um jeito que ela pudesse recuar a qualquer minuto e dizer que “opa, não, eu tava perguntando profissionalmente, tô bem interessada em saber a fórmula da Tubaína e tô vasculhando profissionais que, eventualmente, possam me dar essa informação” caso eu fosse um pouco sacana e, bem, sacaneasse (Coisa que eu OBVIAMENTE faria, né? A gente não pode culpar as pessoas que não me conhecem bem por isso. As que me conhecem sabem que minha sacanagem é puramente superficial e resolvida com um “ah, sossega essa periquita”).

Daí eu obviamente fiz o serviço como se ela fosse uma pessoa na faculdade fazendo pesquisa de referências pra colocar num trabalho: Dei aquele resuminho básico pra pessoa saber se quer ou não continuar a “leitura”, o que não me faria entrar em guerra com o melhor amigo por contar detalhes da vida dele, nem ganhar a inimizade da nova amiga por negar informações que ela, teoricamente, queria apenas pra arquivo.

E todo mundo ficou feliz.

Quer dizer… Quase todo mundo, né? Porque eu nem preciso dizer que fiquei pensando enlouquecidamente (por aproximadamente 10min) sobre como seria meu resumo acadêmico, como que as pessoas me descreveriam pra alguém que está interessado em mim, não necessariamente de um jeito romântico/sexual, mas simplesmente saber, sabe? Pra arquivo.

E aí eu fiz o que qualquer pessoa dodói da cabeça faria: Cacei nos meus últimos diários qualquer comentário que eu tenha anotado sobre pessoas falando de mim. Seja sobre minha aparência (“suas bochechas estão mais pra fofinha do que pra Fofão”), seja sobre minha personalidade (aparentemente “divertida” seria uma das minhas palavras chave) ou seja sobre meu comportamento em situações bem específicas (“que palhaça”, “naja” e “cuzona hahaha” foram usadas em mais de uma delas).

Mas aí eu achei que não era suficiente e fui um pouco mais além: Perguntei pras duas pessoas que eu sei que jamais mentiriam pra mim nesse aspecto (e, de um jeito bem bizarro, eu não tô falando da minha mãe e do meu pai!) e recebi respostas bacanas mas que não ajudaram em nada (perdão, vocês dois).

O primeiro, meu ex-namorado, me mandou um “você é uma insuportável que fica fazendo essas perguntas aleatórias no meio do dia e esperando de verdade que eu dê essa resposta difícil assim de cara” e, logo em seguida, mandou um “você é engraçada, inteligente, o tipo de pessoa que ao mesmo tempo em que é estável sempre vai dar um jeito de surpreender, você tem essa cara que dá vontade de apertar como se fosse um filhotinho de cachorro, mas um filhotinho de labrador, sabe? Que a qualquer momento pode ficar hiperativo, destruir umas coisas e você sabe, você simplesmente sabe que não vai conseguir ficar bravo com ele por muito tempo. E já sei que você vai perguntar se eu te acho gata e a resposta é: sim. Acho. Embora você não seja o padrão, eu te acho bastante. E nem precisa falar que é errado achar filhotinhos de labrador gatos, Beatriz... Eu sei que você vai falar isso, não me diz que você não ia. EU SEI” - achei meio sinistro, principalmente porque eu realmente ia falar que é meio errado falar que filhotinhos de labrador são bonitinhos a ponto de merecer o elogio "gatos".

O segundo, o Monge, que me mandou um “Você é muito legal. É uma menina que eu peguei no tinder, mas acabou virando amigona porque é das poucas pessoas que tenho na vida com quem posso falar o que eu penso sem filtrar. Você sofre um pouco porque queria achar um cara legal pra namorar, mas sacou que a vida é difícil e a galera é doidona. E eu sempre posso te chamar sempre pra beber uma cerveja e trocar uma ideia, porque sempre dá certo que dá certo. E você também é bonita estilo ruiva com sardinhas e bochechas”.

Daí eu já tava me achando porque, né? Duas pessoas importantes do meu passado me elogiaram desse jeito e uau, meu ego tava mais nas alturas que a Hosana (eu achava que Hosana era uma pessoa, me deixa). E só pra tirar a prova eu fui pedir uma terceira opinião de uma amiga psicóloga que não é muito conhecida por ter muita paciência e/ou tempo disponível durante o dia pra grandes questões existenciais de foro individual que não sejam remuneradas (a noite tudo bem).

A resposta que eu ganhei?

“Você tá querendo saber isso pra mais um dos seus momentos de autoconhecimento ou porque tá meio encucada com alguma coisa e precisa de um afago na alma pra ter certeza do que já tá cansada de saber?”

Bom, foi aí que eu saquei que eu realmente tô passando por uma daquelas fases de estar me achando meio sem graça e queria só uns confetes mesmo, o que se pode fazer?

Daí parei e me dei a minha própria descrição: Eu sou a pessoa que escreve um texto enorme, sem motivo algum, desenvolve todo um raciocínio, faz todo mundo criar expectativas e aí de repente percebe que tudo era meio furado e publica mesmo assim.





Fim.

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