I wanted to be with you alone and talk about the weather

Caso não tenha ocorrido a nenhum de vocês ainda, eu tenho passado com uma terapeuta porque não apenas estou extremamente ansiosa como tive alguns episódios de ataque de pânico de 2016 pra cá. Longa história, não é disso que eu quero falar hoje. Esse é só um contexto básico e resumido pra dizer que eu... Bem... Não tô no meu melhor momento de equilíbrio emocional da década.

Mas tudo bem. VAMO LEVANDO.


MAS apesar de tudo eu me sinto uma pessoa iluminada e absurdamente sortuda porque, vejam vocês: Eu faço parte da minoria que consegue ter ajuda psicológica, tenho amigos que entendem os meus sumiços e minhas crises, pais que - embora sejam um pé no saco em alguns momentos porque são MEUS PAIS - fazem o possível pra lidar com as minhas crises e... Eu conheci uma pessoa.

É sobre essa pessoa que eu quero falar hoje.

Se vocês derem uma olhadinha ali nas tags "moço" e "mini-romance" vão sacar que pra eu preencher a cartelinha do romance cagado só falta "Descobriu que era gay" - e eu digo isso com a compreensão de que é ao mesmo tempo MUITO ENGRAÇADO e MUITO TRISTE uma pessoa de 27 anos ter passado por tudo isso, porque é muita falta de sorte pra uma pessoa só. Eu já saí com todo o tipo de gente pra tentar todo tipo de coisa e as coisas só deram errado, a maioria delas por um período muito curto e ridículo de um jeito que nem dá pra usar o otimismo do Monge e falar "As coisas até deram errado, mas ANTES DISSO (darem errado) deram certo". Deram errado, foram uma bosta (eu poderia usar literalmente uma bosta em certos casos, mas não vou) e eu sai de cada um deles um pouquinho mais escaldada, desiludida e conformada com a ideia de que eu possivelmente vou morrer sozinha e só vão descobrir meu corpo semi comido pelos meus cachorros dias depois. 

Romances são uma porcaria e eu não quero isso pra minha vida.

Blá blá blá


E aí eu conheci uma pessoa.


SIM!

Começamos a sair sem nenhuma pretensão de romance, aí eu senti coisas e aí fiquei ansiosa e, pra não morrer de ansiedade, eu tive que falar sobre essas coisas e assumir sentimentos que eu tinha decidido jamais sentir de novo. 

Fazer o quê?

Eu não vou romantizar, sabe? Não é tudo perfeito. Não é maravilhoso o tempo todo. Não é a pessoa mais perfeita do mundo (de Osasco eu tenho CERTEZA que é ♥). Ratinhos, passarinhos, cavalos e um cachorro velho não aparecem pra tentar nos socorrer toda vez que dá algum ruim. Sorry, a gente não vai virar um desenho da Disney.


Essa pessoa tem defeitos. Vários. Alguns tão parecidos com os meus que eles me irritam e eu sei justamente o porquê de estarem me irritando. Alguns não combinam com os meus, e me fazem ficar mais ansiosa do que eu já estou normalmente, e mais insegura que eu já fui em momentos muito mais... Inseguros (perdão, faltou léxico). Eu já dei uma choradinha por causa dessa pessoa também (e ela talvez só fique sabendo disso se ler aqui, não sei...) e passei muita, muita, muita raiva por causa dessa pessoa. 

Não é perfeito. Desculpa pra quem veio aqui atrás de um depoimento do mais puro amor. Eu não tenho nem certeza se é AMOR ainda, pra ser sincera.


Mas é DIFERENTE.

De um jeito melhor.

(Terapeuta, me desculpa porque até agora eu só fiz comparações, mas eu tava aqui pensando e a gente pra saber se uma coisa é doce tem que ter comido o salgado antes, né? Então aguenta as comparações aí, elas são saudáveis nesse caso)

Na nossa primeira saída, nem era um encontro ainda, ele me explicou que é introvertido. Não é timidez, é introversão. Ele me explicou um monte de coisas e, quando eu cheguei em casa, googlei o que eu não tinha entendido e vi uns videozinhos daora que desenharam o que eu não tinha entendido e me deram dicas sobre a situação - aliás, taí um bagulho que seria bacana vocês saberem também


SABE QUEM É INTROVERTIDO? MR. DARCY.

E em todas as saídas que rolaram dali pra frente eu fui exatamente consciente do fato de que eu estava sendo lentamente integrada à minoria (privilegiada, se querem a minha opinião) das pessoas com quem ele se sente confortável o suficiente pra ter um relacionamento - de qualquer tipo, não apenas amoroso. E cada vez mais eu fui tendo a noção de como é complicado pra ele fazer um monte de coisas que pra mim, #team extroversão, são banais. 

E tem outras coisas, porque a introversão é só um traço do The Sims, não um defeito. Eu falei da introversão porque é um negócio útil realmente pra vocês saberem. Eu não sabia e agora sou mais empática a quem tem esse tracinho. 

Mas eu não vou falar dos defeitos também. Eu só queria dizer que não é uma pessoa perfeita e tem defeitos que vão de encontro aos meus e... Enfim. Volta lá pro começo e lê de novo. Eu tô ansiosa e insatisfeita com um monte de coisas, o que faz com que eu fique insegura e hipersensível com relação a um monte de coisas que a introversão dele acaba facilitando.

E nem é culpa dele, sabe?  É culpa da minha cabeça e eu juro que tô tratando.

A questão é que ele é DIFERENTE, né? Ele é MELHOR.

E é principalmente (mas não somente) por causa do jeito que ele reage às minhas crises que faz com que eu ache tudo isso. Por causa da absoluta franqueza dele ao me contar as coisas dele eu me senti confortável o suficiente pra contar as minhas coisas, inclusive as não tão bonitas e que eu não contaria normalmente pra um cara por medo dele sair correndo três dias e três noites sem olhar pra trás. Desde o começo, bem antes da gente começar a sair romanticamente, eu já tinha percebido que é uma pessoa absurdamente empática e preocupada com o meu bem estar - não só o físico, mas o mental também. Ele fez com que eu me sentisse segura e isso foi um treco que há muito tempo não acontecia. 

Vocês sabem como é isso? Ter alguém que não tem um vínculo sanguíneo (oi, Pedrenrique) , nem a obrigação moral (beijo pai, beijo mãe), nem um vínculo social (oi, Carregada, oi Amigo com Alma Russa) ou profissional (alô, terapeuta), sabe DESDE O COMEÇO o quão zoada você está e não se aproveita disso e ESTÁ LÁ quando você precisa durante uma crise?

Porque eu sei. De verdade. Eu posso dizer sinceramente que eu tô na maior merda, sem nenhuma perspectiva de me encontrar e MESMO ASSIM eu tenho pessoas que se importam comigo. Que conseguem ver coisas boas em mim mesmo quando EU não consigo. Que me acalmam, me abraçam e me deixam chorar sem julgar. Que percebem o meu nervosismo por coisas que nem são tão importantes assim e não fazem pouco disso, nem diminuem a importância dessas crises. Que me falam que eu tô vendo coisas que não existem, mas não de um jeito passivo-agressivo.

Esse não é um depoimento de amor, eu sei disso. Mas eu posso dizer que é um lembrete pra mim mesma de que eu conheci um cara que é possivelmente a pessoa mais companheira que eu já conheci e por quem eu já - ok, vamos lá, mais uma coisa corajosa! - me apaixonei. Não é uma pessoa perfeita, sabe que eu também não sou e MESMO ASSIM faz um esforço danado pra estar comigo e sempre faz com que eu me sinta a pessoa mais especial e little pony do mundo quando estou com ele. Mesmo que seja pra comer um Cheddar McMelt numa terça feira sem futebol na TV.  PRINCIPALMENTE se for pra comer um Cheddar McMelt numa terça sem futebol. 

Ele tem um bilhão de inseguranças e neuras também e eu (infelizmente) não posso dizer aqui com 100% de precisão que eu sou pra ele uma pessoa tão boa e tão agradável quanto ele é pra mim o que é uma pena, porque me causaria muito menos ansiedade, mas eu posso dizer com 100% de certeza que eu estou disposta a ser. 


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