But I'm fooling myself... I'm fooling myself

Daí que dia desses eu tava me vangloriando (pra mim mesma, claro) que eu nunca caio na mesma cilada duas vezes, que todo cara com quem saio apronta comigo de jeito diferente porque se eu vejo sinais de que vai aprontar de um jeito repetido eu já sou grandinha e mando um "AQUI NÃO, KIRIDINHO" e mando o sujeito em questão cagar no mato.
"Sou super adulta, tenho uma super inteligência emocional, LEIO AS PESSOAS" eu ficava repetindo pra mim mesma e escrevendo no diário enquanto me olhava no espelho (que agora fica do ladinho da minha mesa) e me achando a pessoa mais sabidona do mundo.
Pois bem. Não vai ter desmentido sobre isso porque é verdade: Eu realmente já sei reconhecer a maioria das ciladas vindas de homem com certa expertise adquirida depois de muito tomar no cu.
Mas aconteceu um lance meio bizarro que me fez ver que saber reconhecer as ciladas alheias é muito bom, mas sozinho esse "dom" não resolve muitas coisas. 


Eu tenho pedras nos rins. Descobri no começo de fevereiro tendo a PIOR DOR QUE JÁ SENTI NA VIDA (sério, eu não desejo aos meus inimigos a dor que eu senti) e tive uma semana do capeta por causa disso. Elas ainda estão aqui porque o adorado convênio médico só me deixou marcar especialista pra começo de abril, mas não vamos falar disso agora. A questão é que eu tive pedras nos rins e contei pra minha terapeuta, e ela me explicou que as doenças tem razões metafísicas e me deu um livrinho pra ler, (que eu vou deixar aqui um link pra vocês que se interessarem poderem ler e descobrir qual tipo de dodóizice metafísica aflige o corpinho de vocês e é responsável pelas doenças físicas que vocês têm) especialmente a parte que fala sobre os rins e as pedrinhas e o que isso quer dizer em termos de doenças. Vou colocar excertos aqui só de amostra pra vocês entenderem lá pra frente o que isso tem a ver com as ciladas que eu fujo ou vivo:

"Metafisicamente, os rins representam o referencial físico da habilidade de se relacionar e vivenciar as experiências afetivas através dos relacionamentos interpessoais, que englobam principalmente o parceiro e os familiares"

"A maneira como as pessoas se relacionam no âmbito da parceria rege as funções renais."

"Metafisicamente, refere-se à relação consigo mesmo. Manter a auto-consideração, uma boa auto-estima, o respeito e o amor próprio são atributos indispensáveis para a edificação de personalidade saudável, contribuindo também para a saúde do órgão."

 "Outra condição metafísica relacionada ao rim esquerdo é a maneira como a pessoa acolhe aquilo que provém das pessoas queridas. A habilidade para ficar somente com o melhor da relação, desvencilhando-se dos desagrados provocados por aquilo que o outro fala ou faz. Essa atitude também favorece a capacidade de filtragem do rim esquerdo." 

"Já os problemas que afetam esse órgão metafisicamente estão relacionados com os conflitos internos provocados pelo sentimento de inadequação e pela auto-reprovação. Punir-se pela sua conduta no relacionamento, reprovando seu desempenho, e culpar-se por tudo aquilo que sai errado na convivência é altamente nocivo ao bem-estar, podendo também comprometer as funções desse órgão. Ou ainda, um estado de inquietação por não conseguir desvencilhar-se das críticas provenientes das pessoas amadas; ficar remoendo os desagrados provocados pelos outros."

"O processo somático pode ocorrer quando a pessoa está atravessando uma fase ruim de sua vida afetiva. É quando os conflitos internos oriundos do relacionamento ganham uma proporção muito grande no seu ser. No âmbito metafísico, a pessoa afetada pela formação de cálculo nos rins ou bexiga é alguém com dificuldades para se relacionar. Ela não se desprendeu dos problemas vivenciados nos antigos relacionamentos ou dos que fizeram parte do passado da família;
projeta isso naqueles que estão a sua volta, temendo passar por tudo novamente."

"Por ter se magoado muito em sua vida afetiva, carrega consigo uma espécie de fantasma do medo de complicações.Para afugentar essa possibilidade, a pessoa fica alerta a tudo o que passa ao redor, criticando a maioria das ações dos outros. O que leva alguém a agir assim é o fato de temer os mesmos transtornos de outrora."

Eu não queria dizer nada, mas eu sou extremamente crítica e rancorosa. Com os outros, mas PRINCIPALMENTE comigo. Quer dizer... Eu tô indo há mais de ano na terapia (de novo) e só agora eu comecei a destravar essa parte de mim que é absurdamente crítica a ponto de não conseguir fazer nada por medo de não ser bom o suficiente. É por isso que eu não tenho escrito, é por isso que eu tenho essa ideia maravilhosa de livro e não consigo pôr no papel: Por medo de não ficar bom.
Racionalmente eu sei que a maioria dos livros que são best sellers são uma porcaria e eu conseguiria fazer melhor, mas quando abro meu caderno e começo a digitar o que eu escrevi acho que tá tudo uma merda e que ninguém usaria meu livro nem pra limpar a bunda (já que folha de livro é meio dura).
Eu sou absurdamente exigente e crítica com os meus amigos, com as pessoas que eu gosto, e acabo criando expectativas GIGANTESCAS que - óbvio - nunca são correspondidas. E aí eu fico zoada.

Esse é ponto. Eu consigo  identificar a cilada alheia, o comportamento repetitivo dos meus amigos, dos moços, dos meus colegas de turma, dos antigos colegas de trabalho. Eu conseguia identificar tudo o que eles faziam de errado e corrigir baseado no manual das coisas que eu já vivi e das ciladas que já resolvi.
Mas eu não tinha a menor NOÇÃO do quanto eu repito esse processo de criticar e criar expectativas e sofrer quando elas não são correspondidas. Era totalmente inconsciente.
Eu ficava me perguntando o porquê da minha vida amorosa ser tão desgraçada assim e acabava fazendo o mea culpa das minhas partes de cagadas nos relacionamentos: "Eu  fui blasé demais", "Eu me importei demais", "Eu dei menos atenção do que deveria", "Eu não fui a pessoa mais amigável na época", mas nunca cheguei ao fundo da questão, que foi perceber que todos os meus relacionamentos depois do primeiro foram uma tentativa mais ou menos óbvia de me distanciar do anterior e, pra isso, eu tinha que criar expectativas. Eu acho que nunca me deixei levar simplesmente, sem projetar ou comparar as coisas.

E, agora que eu sei, estou totalmente perdida, já que é a lei universal que diz que resolver problema quando o problema envolve outra pessoa é muito mais fácil do que quando o "errado" é você.




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É só isso mesmo. Eu queria só deixar uma amostra das coisas que tão passando pela minha cabeça (que ainda vive, eu não morri!). Eu nem vou dizer que vou tentar escrever mais aqui porque, sinceramente, eu não posso dar nenhuma garantia. Eu tenho escrito demais, mas coisas muito muito muito particulares de coisas muito muito muito recentes. Meu projeto do livro não anda porque eu sinceramente não consigo escrever sem ninguém pra ler antes o que eu escrevo (eu era fanfiqueira de Harry Potter e tinha uma Beta Reader naquela época. Será que consigo uma atualmente?), mas não quero me prender aos feedbacks de alguém ao mesmo tempo. Eu não acho que a minha história seja significante o suficiente pra ser contada, se meu universo é bom o suficiente pra ganhar vida. É foda.

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