Me apaixonei pelo que eu inventei de você

Entrei no consultório da terapeuta me sentindo bem porque todos os demônios hormonais haviam abandonado o meu corpo e eu só tava com os demônios de sempre com quem já tô acostumada.
"Como você tá?" 
"O que é que me conta de novo?"
"Como você tá lidando com a descoberta que fez?"
"E as coisas em casa?"

Blábláblá que respondi no modo automático porque agora não caio mais nesse truque da conversinha fiada que me joga num beco sem saída e me faz sair de lá pensando em tudo o que eu adoraria ignorar.
Mas, né... HÁ... Quando 'cê acha que é malandra tem sempre alguém que é mais malandra.

Vai, Malandra.

Quando eu vi tava lá eu falando sobre um moço gatinho do curso que tô fazendo (e com quem eu não falo porque ele é bonito, mas meio tapado) e que disse pra um lesk que anda comigo nesse curso (que também acha o moço gatinho, mas tem menos restrições quanto ao intelecto) que ME ACHA UMA FOFA. Sim, o cara me acha fofa, tipo URSINHO DE PELÚCIA LAVADO COM AMACIANTE de tão fofa. Disse pro meu amigo que gosta de muitas coisas em mim, mas gosta principalmente do fato de que eu sou fofa.

E assim... Eu sou tudo menos fofa com a galera do curso. Teve um dia que eu chamei um cara de NHONHO só porque ele tava monopolizando a aula com pergunta particular. E falei em voz alta. Na frente de todo mundo. Durante a aula.
Ele parou de falar? Parou.
Mas eu fui tudo menos fofa.

Daí eu me vi falando isso pra terapeuta e dizendo que as pessoas tem da gente a imagem que elas querem ter, né? Mesmo essa imagem sendo totalmente incompatível com a realidade. 
Pois muito que bem.

O moço gatinho é gatinho, mas é meio tapado - como já disse. É bizarro porque ele tá lá de longe do outro lado da sala e eu GOSTO de olhar pra ele, mas assim que ele participa na aula, ou fala qualquer coisa eu sinto umas cólicas de vergonha (ou podem ser as pedras que ainda estão no meu rim, não sei). Essa é minha imagem dele e, embora superficial, ela não está errada.

Mindy me representa.

Teve um episódio semana passada em que eu fiquei MUITO PUTA com um professor que não fez o que professores deveriam fazer (ajudar os alunos) e decidi, por minha conta, ajudar a sala. Fiz um rolê pra entender uma matéria que NINGUÉM estava entendendo, achei um livro falando do assunto, baixei o livro, compartilhei com a sala inteira, fiz um resumo das partes da matéria explicando, resolvi uns exercícios e me propus a ajudar quem não tinha entendido. Na doideira, na loucura, movida pelo puro impulso de fazer o professor que não tava nem aí pras dúvidas dos alunos (e que já marcou prova) saber que a gente fez o melhor SEM A AJUDA DELE (aprendi isso com a Armada Dumbledore do Harry Potter).

Fiquei dentro da sala no intervalo resolvendo exercícios e ajudando a turma, e ACHO que a maioria entendeu o que tava acontecendo. Até o moço gatinho, que também tava no grupo que eu tava ajudando.

Acabei a explicação e tava arrumando minhas coisas pra comer minha maçã #saúde e assistir a segunda aula e notei o moço gatinho paradão lá enrolando pra fazer as coisas dele.
"Fulano, tá tudo certinho?" - perguntei na maior boa vontade.
"Tá sim, valeu pela ajuda. Você é muito inteligente e legal por ajudar todo mundo assim..."
Agradeci e fiquei sem jeito porque ajudei mais motivada pela RAIVA DO PROFESSOR do que por um sentimento de boa vontade, e aí saquei tudo: O Gatinho tava vendo só a parte prática do negócio, né? Que eu ajudo as pessoas que tem dúvida sobre a matéria. Isso parece fofo vendo de fora e pra quem não me conhece feito os colegas que não sabem que a minha motivação é provar pros outros que eu NÃO PRECISO de outras pessoas e que a presença delas é mera formalidade.

E não é que as pessoas só veem da gente o que querem ver, mas só veem da gente O QUE A GENTE MOSTRA... E eu obviamente estou passando uma ideia errada pros meus coleguinhas de curso. rsrsrs

Comentários

Tati disse…
Ou quem sabe ele enxerga uma parte que mesmo eu não te conhecendo perfeitamente bem, também enxerguei aqui: você poderia ter estudado por conta própria sozinha e mostrar ainda assim pro professor que pode se virar sem ele, mas optou por incluir todo mundo nisso, né? Hmmmmmmmm <3

Limonada (antigo Novembro Inconstante)

Deivyson Luan disse…
Eu estou incrivelmente apaixonado pela maneira informal e liberta que você escreve. Me vi em diversas situações em cada paragrafo, e olha, tenta se abrir mais para a galera do curso, vai que o moço gatinho também te acha uma gatinha. ;)

Beijos do Deivy!
www.blogdodeivy.com